Brasil

Brasil ganha prêmio Fóssil do Ano, por ações contra o meio ambiente

Entregue pela Climate Action Network durante Conferência do Clima, premiação denuncia retrocesso do governo Bolsonaro na área ambiental

Desmatamento na Amazônia: Durante premiação, o nome do Brasil foi apresentado sob vaias (Ricardo Funari/Getty Images)

Desmatamento na Amazônia: Durante premiação, o nome do Brasil foi apresentado sob vaias (Ricardo Funari/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 13 de dezembro de 2019 às 17h12.

Última atualização em 13 de dezembro de 2019 às 17h18.

O Brasil venceu, pela primeira vez, o Prêmio Fóssil do Ano, entregue pela ONG Climate Action Network (CAN) desde 1999 para os países que "fazem o 'melhor' para bloquear o progresso nas negociações nos últimos dias de conversas".

A "honraria" é resultado do desempenho da delegação nacional durante a Conferência do Clima (COP-25), em Madri. Ao longo da convenção, o país também ganhou duas vezes o prêmio Fóssil do Dia.

A láurea é apresentada com a música tema do filme "Jurassic Park" por dois apresentadores, um vestido de dinossauro e o outro, de esqueleto. O nome do Brasil foi apresentado sob vaias.

O esqueleto, mestre da cerimônia, lembrou que o país era exaltado pelo mundo inteiro até o ano passado, pelo "impressionante corte de emissões durante a última década". Agora, no entanto, tornou-se um "pária", sob o governo de "ultradireita" do presidente Jair Bolsonaro.

"Os resultados são a maior taxa de desmatamento da Amazônia em uma década, invasões de terra e o assassinato de três líderes indígenas somente esta semana", disse o apresentador.

Segundo a CAN, a delegação brasileira na COP-25 foi liderada pelo "ministro do Meio Ambiente e negacionista climático Ricardo Salles", que tentou "subornar países ricos para que lhe dessem dinheiro para aumentar o desmatamento na Amazônia. Isso claramente não funcionou, então Salles começou a criticar a própria meta brasileira de redução de emissões".

A ONG também acusa a delegação brasileira de bloquear a menção a direitos humanos e a expressão "emergência climática" no documento final da COP, que ainda não foi apresentado: "Jair Bolsonaro é, sem dúvidas, uma bomba de carbono ambulante".

A taça foi entregue à indígena Jacira Borari, de 24 anos, da etnia Borari, de Alter do Chão (PA). Segundo ela, os indígenas tentaram, sem sucesso, um encontro com Salles durante a COP.

A jovem também afirmou que os dados de desmatamento apresentados pelo governo federal são "maquiados".

"Não me surpreende a vitória do Brasil no Fóssil do Ano. Quem veio aqui (na delegação brasileira) veio fazer comércio. Mas a Floresta Amazônica não está à venda. Os povos originários moram lá. E nós somos a floresta e não estamos à venda".

 

Acompanhe tudo sobre:AmazôniaGoverno BolsonaroMeio ambienteONGs

Mais de Brasil

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos

Há espaço na política para uma mulher de voz mansa e que leva as coisas a sério, diz Tabata Amaral

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdemar