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Brasil enfrenta desafios no manejo sustentável

Manejo sustentável cada vez mais se consolida como um meio de unir conservação, produção e renda para os agricultores locais, mas há entraves

Jesus, Sossai e Deusdará em debate com a editora da Revista EXAME Ana Luiza Herzog

Jesus, Sossai e Deusdará em debate com a editora da Revista EXAME Ana Luiza Herzog

Bárbara Ferreira Santos

Bárbara Ferreira Santos

Publicado em 28 de novembro de 2016 às 21h12.

São Paulo -- Com uma das maiores áreas florestais do planeta, o Brasil ainda enfrenta desafios em manejá-las de forma sustentável tanto para a economia quanto para o meio ambiente.

Um dos principais desafios do país tem sido fazer um inventário das florestas brasileiras, para se criar um diagnóstico de como recuperar essas áreas e também promover renda para os agricultores locais.

O diretor geral do Serviço Florestal Brasileiro, Raimundo Deusdará, afirmou, durante o EXAME Fórum Sustentabilidade nesta segunda-feira (28), que toda intervenção deve respeitar o capital florestal. “Eventualmente tem que explorar madeiras nobres e também madeiras menos conhecidas”, disse.

Entre as atividades do Serviço Florestal, Deusdará citou a cooperação estabelecida nesta semana com os estados da Paraíba e Alagoas para o diagnóstico do território e das possíveis concessões florestais. O órgão também pretende criar quatro centros de florestamento em locais estratégicos do Norte do país.

Amanhã, o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, vai assinar uma nova concessão da Floresta Nacional de Caxiuanã, no norte do Pará, que será disponibilizada para empresas interessadas em realizar o manejo florestal sustentável, anunciou Deusdará. “Essa é uma área de potencial de madeira muito importante nas regiões de Portel e Melgaço e vai gerar emprego, renda e escoamento fluvial”, disse.

Potencial

Diante do Código Florestal, o mercado de manejo florestal ganha dimensões sem precedentes no Brasil. O reflorestamento de áreas degradadas pelos agricultores debandará know how técnico e especializado. Uma das empresas que está de olho nesse mercado é a Symbiosis.

Diretor técnico e operacional da Symbiosis, o engenheiro florestal Renato de Jesus explicou que o modelo de consórcio adotado pela empresa diminui o risco de falência que outras companhias enfrentam ao investirem nesse setor. “Não vejo uma singularidade, mas um nicho, com espécies que possam dar lucro e com significativos ganhos ambientais”, afirmou durante o Fórum.

Políticas integradas

Vontade política é pré-condição para um manejo sustentável da floresta. No entanto, cada região pode apresentar empecilhos característicos do seu meio ambiente. O Espírito Santo, por exemplo, tem problemas relativos à grave falta de água que já ocorre há mais de dois anos no estado, a maior crise hídrica nos últimos 80 anos na região. Além de investir no manejo, o programa de reflorestamento também foca nas políticas de conservação de recursos hídricos.

Há muito trabalho a ser feito. Segundo o coordenador do programa Reflorestar do Espírito Santo, Marcos Sossai, o estado tem mais de 40% de área com pastos degradados. E um dos desafios é recuperar essas áreas e torná-las atraentes para os agricultores locais, mostrando que é possível ganhar dinheiro com a floresta em pé. “Se o produtor rural abraça o programa, ele não vai deixar que uma nova gestão no estado ponha fim ao projeto. Turbulências sempre existem, mas a gente já passou pelo mais difícil”, disse Sossai.

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