Olimpíada: para 62% dos entrevistados, os Jogos foram mais negativos que positivos (Bryn Lennon/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2016 às 13h59.
Com um Carnaval no Olimpo, o Brasil se despediu dos Jogos do Rio e voltou nesta segunda-feira a encarar a dura realidade: muitas contas a pagar em meio a uma forte recessão, e a um passo do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.
Em uma exuberante festa colorida, que levou o sambódromo para dentro do Maracanã, cerca de 70.000 pessoas deram adeus aos Jogos sob uma forte chuva e ventos de mais de 100 km por hora.
"Foram Jogos maravilhosos na cidade maravilhosa", declarou o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, antes de a chama olímpica ser definitivamente apagada no Maracanã. "Os brasileiros transformaram essa competição em uma festa para todo o mundo", acrescentou.
Como Tóquio receberá os Jogos Olímpicos em 2020, o posto foi entregue ao primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, que surpreendeu o mundo ao chegar no estádio fantasiado do personagem de videogame Mario Bros.
A maioria dos brasileiros ficou orgulhosa da imagem que o país mostrou ao mundo, mas também acha que as Olimpíadas geraram mais problemas do que coisas boas, segundo uma pesquisa do Ibope divulgada no último domingo.
Para 62% dos entrevistados, os Jogos foram mais negativos que positivos, enquanto 57% consideraram que melhoraram a imagem do Brasil internacionalmente, segundo mostrou a pesquisa publicada no jornal O Estado de São Paulo.
O país, que ainda é palco de desigualdades, vive uma desemprego recorde, uma inflação que é o dobro da meta oficial e a pior recessão em quase um século. Após a festa, chega a hora de pagar as contas.
Acontecimentos para a história
O Rio-2016 foi cenário de vários acontecimentos que entrarão para a história, como os três ouros do jamaicano Usain Bolt, nos 100 metros, 200 metros e 4x100 metros, repetindo a conquista de Pequim-2008 e Londres-2012.
O nadador americano Michael Phelps também brilhou, ao conquistar seis novas medalhas (cinco delas de ouro), somando um total surpreendente de 28 pódios em sua carreira.
Não faltaram polêmicas nem escândalos. O presidente do Comitê Olímpico Irlandês e dos Comitês Olímpicos Europeus, Patrick Hickley, foi preso em Bangu depois de ser acusado de liderar uma rede de revenda ilegal de ingressos.
Já o nadador americano Ryan Lochte se viu obrigado a pedir desculpas depois de mentir que foi assaltado por policiais armados ao voltar de uma festa, quando na verdade depredou bêbado um posto de gasolina com três de seus companheiros de equipe.
Foi criticado internacionalmente e perdeu um de seus principais patrocinados, a americana Speedo.
Ouro nas malas
Os Estados Unidos voltam para casa com as malas cheias de ouro, 46 de um total de 121 medalhas, firmando-se como grande potência mundial do esporte.
A novidade é que a Grã Bretanha ultrapassou a China -que teve seus piores Jogos em 20 anos- no segundo lugar do ranking de medalhas (27 ouros).
Apesar da exclusão de mais de uma centena de seus esportistas por estarem envolvidos em acusações de doping, a Rússia conseguiu o quarto lugar do ranking.
A América Latina ganhou 19 medalhas de ouro, seis a mais do quem em Londres-2012.
O Brasil teve o melhor desempenho da região. Não conseguiu ficar no Top 10 da quantidade total de medalhas como era seu objetivo, mas ficou em 13° lugar, seu melhor desempenho nos Jogos Olímpicos, depois de ficar em 16° em Londres-2012.
Foram sete ouros, dois deles os mais desejados pelos brasileiros: o inédito ouro no futebol masculino e no vôlei, o segundo esporte mais popular do país.
Cuba ficou em segundo lugar, com 5 ouros, 2 pratas e 4 bronzes, e a Colômbia em terceiro, com sua melhor participação, com 3 ouros, 2 pratas e 3 bronzes.
A Argentina levou três ouros na vela, judô e hóquei sobre a grama masculino. Melhorou em duas posições a campanha de Londres-2012 e igualou com os Jogos de 1928, 1932 e 1948.
A um passo do impeachment
Com o fim dos Jogos, os brasileiros se preparam para enfrentar dias dramáticos com o início nesta quinta-feira do julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
Acusada de maquiar contas públicas, Dilma insiste que é vítima de um golpe legislativo tramado por seu a ex-vice e atual arquirrival, o presidente interino Michel Temer. Tudo indica que será destituída pelo Senado no fim deste mês.
Vaiado em 5 de agosto na cerimônia de abertura, e com muitos brasileiros protestando contra ele nos estádios, Temer preferiu não comparecer à cerimônia de encerramento para evitar novas humilhações.