O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota, disse que nesta tarefa de projeção conjunta devem ter em mente a multipolaridade e o surgimento de novos atores globai (Ernesto Benavides/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2012 às 20h52.
Los Cardales (Argentina) - Os ministros das Relações Exteriores de Brasil e Argentina reavaliaram nesta terça-feira o processo de integração bilateral como mecanismo de inserção conjunta em um mundo de grandes transformações.
Ao discursar no primeiro dia da 18ª Conferência Anual da União Industrial Argentina (UIA), o brasileiro Antonio Patriota e o argentino Héctor Timerman concordaram em apontar a aliança dos países como base para a integração sul-americana.
Na conferência que acontece em Los Cardales, a 60 quilômetros de Buenos Aires, Patriota ressaltou que Brasil e Argentina representam juntos a quinta economia mundial, uma força que ambos devem esforçar-se para aperfeiçoar sua integração devido à crise global que já se faz sentir na América do Sul por várias vias, entre elas a do comércio.
''É um desafio pensar a articulação de nosso potencial neste momento. Espero que pensemos nossa inserção internacional de um modo conjunto'', afirmou Patriota.
O ministro brasileiro disse que nesta tarefa de projeção conjunta devem ter em mente a multipolaridade e o surgimento de novos atores globais, especialmente o avanço de países em desenvolvimento, e um futuro onde China será a primeira economia mundial, a Índia a segunda e os Estados Unidos serão deslocados ao terceiro lugar.
Além disso, Patriota lembrou a importância do Mercosul, que ''funciona como uma câmara de teste para a integração sul-americana'', com vistas à constituição do que denominou como uma ''frente de livre-comércio'' sul-americana para 2019.
Por sua vez, Timerman retomou a ideia de uma ''reconfiguração'' da ordem mundial, com um modelo econômico de acumulação financeira em crise e o surgimento de um cenário multipolar.
Comentou que a Argentina e Brasil devem trabalhar juntos para conseguir um sistema de comércio internacional ''equilibrado'' e para brigar no G20 para que os países emergentes tenham níveis de representatividade ''mais adequados'' nos organismos financeiros internacionais.
Por sua parte, o assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, salientou as potencialidades da América do Sul para uma inserção conjunta no mundo.
Entre estes fatores, destacou sua riqueza energética, sua produção agrícola, um ''peso industrial não desprezível e em processo de amadurecimento'' e uma população de 400 milhões de pessoas ''que é um mercado consumidor que cria um eixo dinâmico de bens de consumo interno fundamental para enfrentar as crises internacionais''.
Considerou ainda que a região é pacífica, democrática, sem conflitos étnicos nem religiosos e que, portanto, ''pode garantir condições favoráveis para uma atividade econômica saudável''.
Garcia sustentou que a Argentina e Brasil ''não esgotam o processo de integração regional'', mas assegurou que sua relação bilateral tem um ''impacto fundamental'' no futuro do processo sul-americano.
A conferência anual da UIA terminará nesta quarta-feira com a participação da presidente Dilma Rousseff e de sua colega argentina, Cristina Kirchner.