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Brasil deve focar na educação infantil, diz ministro

"Universalizamos a educação básica, mas a fronteira da primeira infância ainda não foi trilhada. Precisamos acelerar", disse presidente do Ipea


	O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Marcelo Neri: Neri participou de encontro, no Rio, da Clinton Global Initiative (CGI) Latin America
 (Antonio Cruz/ABr)

O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Marcelo Neri: Neri participou de encontro, no Rio, da Clinton Global Initiative (CGI) Latin America (Antonio Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 17h01.

Rio - O Brasil precisa focar na educação na primeira infância para melhorar seus indicadores nessa área, acredita o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri.

"Universalizamos a educação básica, mas a fronteira da primeira infância ainda não foi trilhada. Precisamos acelerar", disse Neri, durante o encontro, no Rio, da Clinton Global Initiative (CGI) Latin America, organização do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton.

Estudos mostram que aquilo que a criança aprende até os cinco anos de vida pode impactar sua aptidão intelectual a ponto de determinar toda a sua vida escolar e até mesmo profissional, por ser essa uma fase crucial para o crescimento cognitivo e o desenvolvimento da linguagem, da sociabilidade e das habilidades motoras.

O Brasil já instituiu para 2016 a obrigatoriedade de matrícula na pré-escola de todas as crianças a partir dos quatro anos, mas ainda precisa adaptar a oferta de vagas à demanda que surgirá em decorrência desta medida.

"O foco já existe, mas não se sabe como fazer. Tem que ser nas crianças mais pobres. A gente já sabe que a educação na primeira infância nivela todo mundo, coloca as famílias em condições de igualdade", disse Neri. Um ganho importante para as camadas de renda mais baixas é a liberação das mães para o mercado de trabalho, o que pode significar o rompimento de um ciclo de falta de oportunidades para toda a família.

Ele chamou atenção também para a necessidade de tornar o ensino médio mais atraente para o adolescente. "A gente está perdendo a guerra, não consegue cativar o jovem. A taxa de evasão está em 15% entre alunos entre 15 e 17 anos porque eles não têm interesse pela escola. Temos que olhar para eles desde cedo."

Neri participou de um debate com dois representantes de iniciativas latino-americanas de reformulação do ensino: o professor mexicano Sérgio Juárez Correa, que liderou a transformação de uma escola de uma zona pobre e violenta de seu país, e a diretora da Fundación Escuela Nova, Vicky Colbert, premiada ONG colombiana que desenvolveu um modelo pedagógico que foca na maior participação dos alunos nas aulas e na personalização do ensino, com respeito às dificuldades individuais.

Ambos defenderam a aliança entre escola, professor e comunidade para que as escolas preparem os alunos para o século 21 e suas exigências. "Hoje, o que se espera é que as crianças aprendam a aprender, que tomem iniciativas e trabalhem em grupo", destacou Vicky. "Nossas escolas estão caducas e as que se dedicam à primeira infância são justamente as mais descuidadas", lamentou Correa.

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