Ônibus em São Paulo: Comitê Organizador Local (COL) continua esbanjando otimismo quanto aos transportes (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2012 às 18h26.
Rio de Janeiro - A um ano e meio da Copa do Mundo de 2014 e seis meses da Copa das Confederações, cujo sorteio será realizado no próximo sábado, em São Paulo, milhares de operários trabalhavam dia e noite para concluir os estádios, que devem ficar prontos a tempo, enquanto muitas reformas de aeroportos e obras de mobilidade urbana ainda nem começaram.
Nas 12 cidades-sede que vão receber jogos do Mundial, o que mais preocupa são os problemas de transporte e hospedagem. Mesmo assim, o Comitê Organizador Local (COL) continua esbanjando otimismo.
"O nosso planejamento garante a realização dos eventos atendendo todas as exigências e respeitando todos os compromissos firmados com a Fifa", assegurou à AFP Luis Fernandes, representante do Governo Federal no COL.
Já José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) avalia que "os estádios vão ficar prontos, teremos algumas obras de infraestrutura, mas não todas as que poderíamos ter".
De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), as obras dos estádios avançam "em ritmo satisfatório", graças a investimentos maciços de dinheiro público, mas "a reforma dos aeroportos avança em ritmo lento".
As obras nem começaram nos dois aeroportos de São Paulo, capital econômica do país.
Com um custo avaliado em cerca de 13,6 milhões de dólares, a Copa de 2014 "será uma grande festa, mas não vai deixar nenhum legado à população. É uma grande oportunidade desperdiçada e a ressaca pode se estender durante toda uma geração", criticou o urbanista Chris Gaffney, que estuda o impacto da Copa e dos Jogos Olímpicos de 2016 para a cidade do Rio de Janeiro.
Já o diretor executivo do COL, Ricardo Trade, opina que estes eventos aceleraram a realização de obras necessárias há muito tempo e que precisavam de um impulso para ser iniciadas.
"Algumas cidades se transformaram em mega-canteiros de obras. Estas melhorias teriam sido realizadas bem mais tarde se não houvesse uma Copa do Mundo no país", comentou Trade.
Além da questão do transporte, a expectativa de receber meio milhão de torcedores dos quatro cantos do mundo pode se transformar num verdadeiro quebra-cabeças em termos de hospedagem.
Na segunda-feira, o secretário-geral da Fifa, o francês Jerôme Valcke deu o exemplo de uma cidade-sede, que preferiu não citar, na qual "há apenas 17.000 quartos de hotel enquanto o estádio tem capacidade para 45.000 torcedores. Neste caso, alguma coisa está errada. Mesmo com três pessoas na mesma cama, ainda teríamos 10.000 pessoas sem cama", ironizou.
Temos que trabalhar duro para termos certeza de que os torcedores serão muito bem acolhidos", completou Valcke
Em termos de segurança, as autoridades brasileiras estão confiantes no plano de segurança lançado no final de agosto, que designa as zonas que serão protegidas, organiza a coordenação das diferentes forças policiais e das forças armadas, e define os principais riscos: torcedores violentos, crime organizado, ameaça terrorista.
A taxa média de homicídios no Brasil ainda é uma das mais elevadas do mundo, com 25 mortos para cada 100.000 habitantes, mas o país não enfrenta problemas com terrorismo.
No que diz respeito às telecomunicações, o próprio ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, admitiu que a qualidade do serviço era "insatisfatória", mas assegurou que tudo será resolvido até a Copa. No entanto, existe uma certa preocupação em relação ao 4G que deverá funcionar nas 12 cidades-sede, já que as oporadores que venceram a licitação para operar o sistema já foram penalizadas por não honrar seus compromissos em relação ao 3G.
O governo também criou uma comissão para evitar apagões como aquele que deixou dez estados do Nordeste sem luz em outubro.
No entanto, para os torcedores brasileiros, a maior preocupação é a má fase atual da seleção.
A equipe passará a ser comandada por Luiz Felipe Scolari, técnico do 'Penta' em 2002, que deve ser confirmado no cargo oficialmente nesta quinta-feira, substituindo Mano Menezes, demitido na última sexta-feira após tensões entre o presidente da CBF José Maria Marin e o diretor de seleções Andres Sanchez, que renunciou ao cargo nesta quarta-feira.
Durante os dois anos e meio da era Mano Menezes, o Brasil chegou a cair para a 14ª posição do ranking da Fifa (hoje ocupa o 13º lugar).