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Brasil corre contra o relógio para entregar a Copa das Copas

O desafio ganha uma importância ainda maior para o governo da presidente Dilma Rousseff, no ano em que deve concorrer à reeleição

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2014 às 18h24.

Há sete anos, o Brasil comemorou com pompa a atribuição da Copa do Mundo de 2014, mas o clima está bem diferente a 100 dias do início da competição, com atrasos preocupantes nas obras e protestos contra gastos excessivos com os preparativos do evento.

O desafio ganha uma importância ainda maior para o governo da presidente Dilma Rousseff, que prometeu que o país organizará a "Copa das Copas", no ano em que deve concorrer à reeleição.

Cinco dos 12 estádios que receberão partidas da competição ainda não foram inaugurados, vários orçamentos tiveram o valor mais do que dobrado, e obras de mobilidade urbana ficaram pelo caminho.

Apesar dos gastos faraônicos de verba pública (cerca de 20 bilhões de reais), o Brasil não conseguiu escapar do clichê do país tropical, onde tudo se resolve de última hora com o famoso "jeitinho".

Problema cultural

"Uma das marcas negativas da organização da Copa no Brasil é a improvisação. É uma questão cultural, acreditar que tudo pode acontecer no último momento, sem planejamento, mas que tudo vai dar certo porque as pessoas serão acolhidas com carinho", explicou à AFP o professor José Carlos Marques, do Observatório do Esporte na Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Aos gritos de "não vai ter Copa!", manifestantes têm ido às ruas nos últimos meses para pedir mais investimento público em transporte, saúde e educação. O movimento começou em junho do ano passado, em meio à Copa das Confederações, preocupando a Fifa com a questão da segurança por ver protestos - muitos deles reprimidos com violência - nas portas dos estádios em dias de jogos.

A maioria dos brasileiros ainda vibra com a possibilidade de a seleção conquistar o "Hexa" em casa, no dia 13 de julho, no Maracanã, mas a percentagem da população que apoia a realização do evento no país caiu de 79%, em 2008, para 52%, de acordo com pesquisa recente divulgada pelo Datafolha.


Para coibir atos violentos como os praticados pelo grupo anarquista Black Bloc, o governo lançou um projeto de lei para vetar a participação de manifestantes mascarados e já deixou claro que as Forças Armadas irão às ruas, se for necessário.

As autoridades também estudam usar "policiais ninjas", que praticam artes marciais como o jiu-jitsu, para realizar detenções em massa, estratégia testada recentemente com êxito em São Paulo.

Enquanto isso, o PT bate de frente com o movimento nas redes sociais, ao lançar uma campanha on-line com o lema #VaiterCopa.

Ritmo frenético

A Fifa repetiu durante meses que todos os estádios deveriam ficar prontos em 31 de dezembro do ano passado, mas nenhum dos seis que não foram usados para a Copa das Confederações conseguiu respeitar esse prazo.

A 100 dias do início da competição, cinco estádios ainda não foram inaugurados, e três (Curitiba, São Paulo e Cuiabá) devem ficar prontos em cima da hora, com pouquíssimo tempo para realizar eventos-testes. Os estádios de Manaus e Porto Alegre já estão quase prontos, mas ainda não foram inaugurados oficialmente.

"Vamos a 200 km/h, bem mais do que o permitido", reconheceu o secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, o mesmo que sugeriu em março de 2012 que o Brasil levasse "um chute no traseiro" para acelerar o ritmo dos preparativos, desencadeando uma crise diplomática entre o país e a entidade que rege o futebol mundial.

A Arena da Baixada de Curitiba, a mais atrasada, chegou até a ser ameaçada de ficar fora da Copa.

"O Brasil acabou de se dar conta de que começou tarde demais. É o país mais atrasado (na organização do Mundial) desde que estou na Fifa (em 1975) e é o único que tinha tanto tempo para se preparar (sete anos)", desabafou em janeiro o presidente da Fifa, Joseph Blatter.

Mesmo assim , Dilma ainda acredita no sucesso da sua "Copa das Copas".

"Será um evento esportivo, mas também é uma oportunidade de o Brasil se mostrar para o mundo, mostrar a força e a vitalidade da nação brasileira, a alegria dos brasileiros em receber todos os seus convidados, e quero que todos sejam muito bem-vindos e se sintam em casa no Brasil", declarou a presidente.

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