Brasil

Brasil convoca embaixador após denúncia de monitoramento

Itamaraty convocou o embaixador dos EUA no Brasil para prestar esclarecimentos sobre denúncias de monitoramento de telefonemas, emails e mensagens de Dilma


	Dilma Rousseff: presidente teria sido alvo de espionagem por parte da Agência de Segurança Nacional dos EUA
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Dilma Rousseff: presidente teria sido alvo de espionagem por parte da Agência de Segurança Nacional dos EUA (REUTERS/Ueslei Marcelino)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de setembro de 2013 às 11h54.

São Paulo - O Itamaraty convocou o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, para prestar esclarecimentos nesta segunda-feira sobre as denúncias de monitoramento do conteúdo de telefonemas, emails e mensagens de celular da presidente Dilma Rousseff por parte de uma agência norte-americana.

Após o incidente, a presidente convocou uma reunião ministerial de emergência nesta segunda no Palácio do Planalto.

Segundo revelações feitas no domingo pelo programa "Fantástico", da TV Globo, a presidente teria sido alvo de espionagem por parte da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês).

Shannon reuniu-se pela manhã com o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, informou o Ministério das Relações Exteriores. O Itamaraty não deu detalhes sobre o encontro.

A reportagem do "Fantástico" foi feita com base em documentos obtidos pelo jornalista norte-americano Glenn Greenwald com o ex-prestador de serviço da NSA Edward Snowden. Greenwald, que mora no Rio de Janeiro, foi descrito como co-autor da reportagem.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que acaba de retornar de viagem aos EUA para discutir denúncias anteriores sobre espionagem, disse em entrevista à rádio CBN nesta segunda que, se for confirmado o conteúdo dos documentos, "é uma ofensa clara à soberania brasileira, uma situação que evidentemente ensejará medidas importantes que o governo brasileiro tenha que tomar".

Cardozo viajou na semana passada a Washington e reuniu-se com o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, e outras autoridades, para buscar mais detalhes sobre uma série de revelações anteriores sobre interceptação pelos EUA de dados eletrônicos e de telefonia no Brasil, aparentemente menos sérias, feitas com base nos documentos vazados por Snowden.

Segundo Cardozo, a própria presidente Dilma determinou ao Itamaraty a convocação do embaixador norte-americano para prestar esclarecimentos, e já há uma decisão do governo brasileiro de levar a questão a fóruns internacionais.


O ministro afirmou na entrevista à rádio que os dados apresentados na reportagem do "Fantástico" mostram que o monitoramento, ao contrário da versão oficial do governo dos EUA, "se dá não apenas em situações de investigação de atos ilícitos, mas também em situações de natureza política e talvez até, como se chega a tocar na matéria, em situações de natureza comercial".

Dilma tem uma visita de Estado a Washington, agendada para outubro, para reunir-se com o presidente dos EUA, Barack Obama, agendada para outubro. A viagem tem como objetivo reforçar como as relações entre Brasil-EUA melhoraram desde que Dilma tomou posse, em 2011.

Na reportagem de domingo foram exibidos documentos atribuídos à NSA mostrando uma rede de comunicação da presidente com seus principais assessores, mas não foi mostrado o conteúdo das mensagens.

Um documento separado, de junho de 2012, tinha trechos de uma mensagem escrita enviada pelo presidente do México, Enrique Peña Nieto, que ainda era candidato à Presidência à época. Nas mensagens, Peña Nieto discutia nomes para o ministério caso eleito.

Os dois documentos faziam parte de um estudo de caso da NSA mostrando como os dados poderiam ser filtrados, de acordo com o Fantástico.

O norte-americano Snowden vive atualmente asilado na Rússia. O "Fantástico" disse ter conversado com Snowden via Internet, e acrescentou que ele não pôde comentar sobre o conteúdo da reportagem porque seu acordo de asilo na Rússia não lhe autoriza a falar sobre os vazamentos.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffEstados Unidos (EUA)NSAPaíses ricosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas