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Brasil considera 'extremamente grave' denúncia de espionagem

Está previsto que o chanceler Antonio Patriota se pronuncie sobre o caso a partir do Rio de Janeiro

Protesto em apoio a Edward Snowden em Berlim em 4 de julho (Afp.com / Kay Nietfeld)

Protesto em apoio a Edward Snowden em Berlim em 4 de julho (Afp.com / Kay Nietfeld)

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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2013 às 15h07.

Brasília - O governo brasileiro classificou de "extremamente grave" a denúncia de espionagem americana publicada neste domingo pelo jornal O Globo, baseada em documentos do ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana Edward Snowden, e pedirá explicações a Washington.

"Consideramos extremamente grave o que saiu" na imprensa, disse à AFP Tovar Nunes, porta-voz do ministério das Relações Exteriores.

Embora a informação não seja oficial, Nunes disse que "o que vimos é suficiente para que consideremos grave esta denúncia de espionagem. Haverá uma reação do governo brasileiro bilateralmente com pedido de esclarecimento".

Está previsto que o chanceler Antonio Patriota se pronuncie sobre o caso a partir do Rio de Janeiro.

Segundo o jornal O Globo, que teve acesso aos documentos revelados por Snowden, os serviços de inteligência dos Estados Unidos interceptaram milhões de e-mails e chamadas telefônicas no Brasil.

O jornal indica que "na última década, pessoas residentes ou em trânsito no Brasil, assim como empresas instaladas no país, se tornaram alvos de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos".

"Não há números precisos, mas em janeiro passado o Brasil ficou pouco atrás dos Estados Unidos, que teve 2,3 bilhões de telefonemas e mensagens espionados", acrescenta o texto, que contou com a assinatura de Glenn Greenwald, o repórter do jornal The Guardian que trouxe à tona o programa de vigilância ultrassecreto PRISM e outro para coletar registros telefônicos nos Estados Unidos.

Greenwald vive no Rio de Janeiro. Tovar Nunes indicou que o Brasil "promoverá no âmbito multilateral, em fóruns como as Nações Unidas, iniciativas para garantir a segurança das informações".


O Brasil confirmou na última terça-feira ter recebido um pedido de asilo de Snowden, que está há mais de duas semanas bloqueado na zona de trânsito do aeroporto de Moscou, mas indicou que não responderia à solicitação.

O ex-consultor da NSA tem ofertas para se refugiar em Venezuela, Nicarágua e Bolívia.

Snowden trabalhou na Booz Allen Hamilton, uma empresa que presta serviços à Agência de Segurança Nacional americana, e tinha acesso a uma grande quantidade de informação relacionada ao programa de espionagem das comunicações dos Estados Unidos.

"O Brasil, com extensas redes públicas e privadas digitalizadas, operadas por grandes companhias de telecomunicações e de internet, aparece destacado em mapas da agência americana como alvo prioritário no tráfego de telefonia e dados (origem e destino), ao lado de nações como China, Rússia, Irã e Paquistão", revela o texto.

Os documentos afirmam que a NSA coletava os dados do Brasil e de outros países através de sistemas como Fairview e X-Keyscore.

Com o X-Keyscore, é possível rastrear "mensagens enviadas do Brasil em inglês, árabe ou chinês, assim como de correspondência eletrônica redigida em português, russo ou alemão", indica O Globo. Uma busca em tempo real no sistema de mapas do Google pode ser interceptada.

O Fairview permite, por exemplo, interceptar chamadas telefônicas através de uma associação com uma empresa de telefonia americana, que, por sua vez, tem acesso à rede brasileira.

James Clapper, diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, disse ao jornal O Globo: "deixamos claro que os Estados Unidos colhem informação de inteligência estrangeira do mesmo tipo coletado por todas as nações".

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