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Brasil condena racismo após incidente com banana em amistoso

Torcida escocesa joga casca de banana em Neymar e levanta polêmica sobre racismo europeu

Neymar e coletiva de imprensa

Neymar e coletiva de imprensa

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2011 às 18h43.

Londres - Os integrantes da seleção brasileira de futebol expressaram seu repúdio a qualquer ato racista no futebol, depois da vitória por 2 a 0 neste domingo em um amistoso contra a Escócia, em Londres, que foi interrompido para que o volante Lucas retirasse do campo uma casca de banana jogada da arquibancada.

Muitos jogadores admitiram não ter visto o incidente na hora, mas foram unânimes ao lamentar que este tipo de agressão continue acontecendo nos estádios para ofender jogadores negros.

Lucas, que joga no Liverpool, denunciou publicamente o racismo ao deixar o gramado, nos últimos minutos do segundo tempo.

"O racismo não pode ter espaço no mundo em que vivemos hoje. E é na Europa, que diz ser o primeiro mundo, onde essas coisas mais acontecem. Na verdade, a cor e a raça não querem dizer nada. Só queremos que haja respeito", declarou.

O atacante Neymar, protagonista absoluto da partida e vaiado pela torcida escocesa, foi o alvo da casca de banana. Entretanto, preferiu não falar muito sobre o incidente para "não dar a importância" a quem o fez.

"Temos que condenar qualquer ato racista, sempre. Mas não quero falar mais para não dar a importância a quem fez isso", disse à imprensa, antes de deixar o Emirates Stadium de Londres.

"O racismo é sempre uma coisa muito triste. Sair do nosso país e ver um gesto assim é muito triste. Mas não vou falar muito disso, para que o assunto não vire uma bola de neve", comentou Neymar, em entrevista ao canal SporTV.

"Esta atmosfera de racismo é uma pena. Me vaiaram muito, quando eu fui bater o pênalti todo o estádio estava me vaiando".

Neymar preferiu falar sobre o jogo, destacando que seu sonho é marcar muitos outros gols pela seleção.

"Comecei com a seleção titular em agosto, contra os Estados Unidos, e desde então sempre tive como objetivo ajudar a minha equipe. Meu sonho é marcar muito mais gols com o Brasil", indicou.


"Dedico estes dois gols à minha família, que está sempre comigo e me apoia", acrescentou.

O goleiro Julio Cesar, veterano da seleção, também falou sobre a casca de banana, mas admitiu não ter visto quando foi jogada no gramado.

"Não vi nada de onde eu estava, eu estava muito longe. A única coisa que eu posso dizer é que qualquer ato racista é lamentável", afirmou.

Sobre o jogo, Julio declarou-se satisfeito com a atuação do time e com o resultado deste domingo.

"Jogamos bem, a equipe jogou uma boa partida e há motivos para comemorar, principalmente depois de ter perdido os dois jogos anteriores", estimou o goleiro, referind-se às amargas derrotas da seleção para França e Argentina, no ano passado.

Na entrevista coletiva depois do jogo, tanto Mano Menezes, técnico da seleção brasileira, quanto Craig Levein, técnico da seleção escocesa, disseram não ter visto o que aconteceu.

"Eu não vi. Se ocorreu, é lamentável", afirmou Mano.

No resto da entrevista, ambos comentaram sobre o jogo.

O treinador da seleção escocesa admitiu "grande superioridade" dos brasileiros em campo, mas afirmou estar satisfeito com a maneira como seu time atuou.

"O que podemos dizer? Perdemos para o Brasil, que é uma equipe muito boa, que foi claramente superior e que tem muita qualidade. Trabalhamos bem e tivemos uma boa atitude, mas não conseguimos o resultado que queríamos", disse Levein.

"O Brasil vinha de duas derrotas seguidas, e por isso esta partida era especialmente importante para eles, que queriam ganhar de qualquer jeito e jogaram com muita intensidade", acrescentou, elogiando as "habilidades técnicas" dos jovens Neymar, Jadson e Leandro Damião.

Para Mano Menezes, a vitória foi mérito principalmente do ataque, liderado por Neymar.

"Criamos mais oportunidades e dominamos. Foi uma vitória conseguida graças ao nosso talento e à nossa segurança. Estou feliz com a maneira como foram as coisas", destacou o sucessor de Dunga, que deixou a seleção após a derrota na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010.

"Vínhamos de perder duas partidas e isso não se esquece. No Brasil, estamos acostumados a vencer sempre, a ganhar cada partida, mas quando se passa por uma transformação como a que estamos vivendo, é impossível ganhar todos os jogos", estimou.

Para Mano, o jovem Neymar é um "grande artilheiro" e "terá um grande futuro", enquanto Leando Damião "confirmou tudo de bom que tínhamos visto com o Internacional de Porto Alegre".

Sobre a expressão de racismo contra os brasileiros, um porta-voz do 'Tartan Army', torcida organizada escocesa, indicou que o motivo da atitude especialmente hostil em relação a Neymar foi o que os torcedores consideraram haver um "exagero" de sua parte nas faltas que recebia da defesa.

"O racismo não tem lugar no Tartan Army, e se existe deve ser erradicado automaticamente, porque nós vigiamos a nós mesmos", afirmou Hamish Husband, representante da torcida.

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