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Brasil chega a 30% com 1ª dose. A vacinação está acelerando?

De acordo com especialistas, uma série de fatores permitiu melhorar as expectativas quanto à imunização

 (Erasmo Salomao/Ministério da Saúde/Divulgação)

(Erasmo Salomao/Ministério da Saúde/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de junho de 2021 às 09h32.

Última atualização em 22 de junho de 2021 às 11h28.

Os adiantamentos de cronograma de vacinação são cada vez mais recorrentes, por parte de Estados, municípios e, agora, do Ministério da Saúde. Na segunda-feira, 21, o número de pessoas vacinadas com ao menos uma dose contra a covid-19 no Brasil chegou a 64.436.634, o equivalente a 30,43% da população total.

Em 24 horas, 1.249.278 receberam a primeira dose, de acordo com dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa. Mas o que mudou? De acordo com especialistas, uma série de fatores permitiu melhorar as expectativas quanto à imunização, incluindo previsão maior de produtos, de tipos diferentes, e a capacidade já instalada de aplicação.

Oferta de vacinas

A população brasileira apta a receber a vacina é estimada em 160 9 milhões de pessoas. O País tem pela frente, portanto, a meta de atender cerca de 97,8 milhões e ainda garantir que não falte a segunda dose nos casos necessários. A principal diferença está nos cenários do início da campanha e de agora. Entre janeiro e março, o Brasil recebeu um total de 44,1 milhões de doses - número insuficiente para a vacinação deslanchar. Já a previsão entre julho e setembro, considerando apenas os lotes contratados soma 172,5 milhões. Esse quantitativo supera, por si só, o público total.

Tipos diferentes

O cardápio de imunizantes aumentou e passou a incluir mais vacinas com intervalos longos ou até mesmo de dose única, como a Janssen. Nos três primeiros meses da campanha contra o novo coronavírus, o Brasil só tinha dois imunizantes à disposição: Coronavac, da farmacêutica chinesa Sinovac e fabricada pelo Instituto Butantan, e AstraZeneca/Universidade de Oxford, produzida pela Fiocruz.

A primeira vacina chegou a corresponder a quase 90% das doses aplicadas no País. O intervalo recomendado para a dose de reforço da Coronavac, no entanto, é curto: três a quatro semanas. Em um cenário com poucas entregas, isso obriga o gestor de saúde a manter estoque para não comprometer a imunização completa de quem já foi atendido. Já o intervalo da AstraZeneca e da Pfizer, vacina que começou a chegar ao País a partir de abril, é de três meses.

Em julho, a projeção do ministério é de que esses dois imunizantes representem cerca de 75% dos novos lotes disponíveis no Brasil, o que jogaria mais para frente a preocupação em garantir a segunda dose. Na prática dados das Secretarias de Saúde mostram que a prevalência da primeira dose já vem aumentando. Na semana passada, por exemplo, 91,4% dos imunizantes aplicados foram para pessoas novas, enquanto a segunda dose representou 8,6% do total. Esse cenário é oposto ao do mês de abril, que chegou a registrar dias com 53% das doses reservadas para o reforço.

Capacidade instalada

Um dos desafios do Brasil é manter o alto ritmo de imunização diária. Considerando os vacinados desde o início da campanha, a média da primeira dose tem de subir de 402,4 mil para 957 mil pessoas a cada 24 horas até o fim de setembro. Para pesquisadores, a projeção é factível. “O problema é ter a vacina. Não é a logística”, afirma Walter Cintra, Professor de Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde da FGV. Segundo o Ministério da Saúde, o País é capaz de vacinar até 2,4 milhões por dia, mais do que o dobro do necessário para cumprir a meta dada por Queiroga. Na semana passada, a média foi de 1,2 milhão de doses iniciais por dia.

Receios e riscos

Segundo os pesquisadores, existem dois principais riscos de o planejamento de vacinar mais cedo dar errado: haver atrasos importantes na entrega de lotes e falta de adesão da população. Até o momento, a campanha tem sido marcada pela chegada de lotes menores do que o previsto - situação, inclusive, usada por parte dos Estados para evitar divulgar calendários a longo prazo ou estabelecer uma data-limite. “A verdade é que nós dependemos de coisas que vêm de fora do País e a capacidade efetiva de ter controle sobre isso é limitada. As doses da Janssen, por exemplo eram inicialmente 3 milhões e passaram a ser um 1,5 milhão”, avalia Walter Cintra. “A outra questão é que precisa ser muita cautela para não faltar a segunda dose dentro do prazo. Ou a gente corre o risco de perder toda a primeira rodada também.” O Ministério da Saúde pretende aplicar a segunda dose até dezembro.

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