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Brasil atrai investimentos estrangeiros de alta tecnologia

Projetos no Rio de Janeiro e em Pernambuco conseguem atrair empresas internacionais para investimentos nos setores de petrólei e TI

Vista aérea do Cenpes, no Rio de Janeiro: fornecedoras da Petrobras investem no local (Ho/AFP)

Vista aérea do Cenpes, no Rio de Janeiro: fornecedoras da Petrobras investem no local (Ho/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2011 às 16h16.

Rio de Janeiro - Tradicional exportador de matérias-primas e destino de grandes investimentos na área produtiva, o Brasil também atrai fundos estrangeiros destinados à pesquisa para a inovação tecnológica em áreas como exploração do pré-sal e TI (tecnologia da informação), segundo fontes oficiais e empresariais.

"O maior desafio do Brasil é a inovação. Somos muito competitivos na agricultura, na aviação, gás e petróleo, mas a nossa indústria vem de uma cultura de baixa inovação", afirmou o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloísio Mercadante, em entrevista recente.

"Estamos trabalhando para mobilizar o empresariado na direção da inovação. Temos belas experiências com parques tecnológicos e incubadoras de empresas tecnológicas e estamos trazendo centros de pesquisas que vão gerar patentes no Brasil", acrescentou.

A AFP foi convidada pelas agências oficiais de promoção de investimentos para uma visita a estas instalações.

O Cenpes, centro de pesquisa e desenvolvimento da Petrobras na zona norte do Rio de Janeiro, e o Porto Digital, parque tecnológico que abriga 178 instituições e empresas especializadas em tecnologia de informação em Recife (estado de Pernambuco, nordeste), são exemplos destes esforços.

Criado na década de 1970, o Cenpes, situado dentro do campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está expandindo suas instalações, um investimento de US$ 700 milhões que tem atraído empresas internacionais fornecedoras da petroleira brasileira, como a francesa Schlumberger e as americanas GE, Halliburton e Baker-Hughes.

Ali a Schlumberger, parceira da Petrobras na exploração do petróleo na camada do pré-sal, inaugurou em novembro de 2010 seu primeiro centro de pesquisa e desenvolvimento no hemisfério sul. Os demais devem estar operando até o primeiro semestre de 2012.

"Os mais importantes fornecedores da Petrobras, ao verem no Brasil uma grande oportunidade de negócios e ao reconhecerem que a universidade brasileira tem agora esta infraestrutura, estão vindo para o Brasil e construindo o que chamamos de parceria intelectual conosco, complementando a relação comercial que já existia", explicou o gerente executivo de pesquisa e desenvolvimento da Petrobras, Carlos Tadeu Fraga.

Fraga explicou que as empresas parceiras da Petrobras na exploração do petróleo na camada do pré-sal queriam da petroleira brasileira um compromisso de relações comerciais de longo prazo e em contrapartida, a companhia sugeriu uma parceria intelectual a fim de trazer pesquisas tecnológicas de ponta pra o Brasil.

Segundo ele, metade das pesquisas realizadas será dedicada à exploração de petróleo e gás, área prioritária da Petrobras, mas a outra metade contemplará projetos de biotecnologia, biocombustíveis, petroquímica e meio ambiente. O mais importante é que a inovação realizada ali será 'made in Brazil'.

"Uma parte muito importante da nossa estratégia é a construção da capacitação de inovação brasileira", ressaltou Fraga, destacando que a Petrobras investiu US$ 2,6 bilhões em pesquisa e desenvolvimento entre 2008 e 2010.


No mesmo espírito de incentivo à inovação, o Porto Digital, situado no centro de Recife, foi criado há dez anos com a idéia de estimular especialmente o setor de tecnologia de informação, gerando empregos na cidade que é capital do estado de Pernambuco (nordeste), onde segundo números oficiais, metade da população vivia na pobreza absoluta em 2008.

O parque tecnológico abriga 178 instituições e empresas, entre as quais algumas multinacionais como Accenture, Motorola e IBM.

"A Accenture decidiu se instalar no Recife ao avaliar a existência do Porto Digital, que criou uma condição, uma mentalidade, para inovação, e uma mão-de-obra que atende aos pré-requisitos da empresa", explicou Cícero Mazzaferro, diretor local da empresa internacional especializada em consultoria de gestão.

Segundo Mazzaferro, a empresa já contratou 90 funcionários, todos locais, formados em instituições de ensino também locais, como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

"O Brasil é uma boa opção para investimentos na América Latina no campo tecnológico. Na verdade aqui há uma base grande de profissionais que podem contribuir para que as empresas que investem tenham uma maior garantia de penetração no mercado", explicou à AFP Luis Anavitarte, vice-presidente de pesquisas em mercados emergentes da consultora internacional em tecnologia Gartner.

Outras empresas instaladas no Porto Digital surgiram de projetos desenvolvidos no Centro de Estudos de Sistemas Avançados do Recife (CESAR), organização criada por professores da UFPE, com a missão fazer a triangulação entre as tecnologias de informação e comunicação (ou TIC), as empresas e a economia.

"No mundo acadêmico, acabou a ideia de que o conhecimento é coisa de um grupo de professores franciscanos, mas tem algum valor e impacto no mercado. É bom que se comece a pensar em como ganhar dinheiro com o conhecimento", disse Silvio Meira, professor titular da UFPE e fundador do Porto Digital.

Segundo previsões da empresa de consultoria internacional em tecnologia da informação e telecomunicações IDC, o mercado de TI no Brasil crescerá 13% em 2011 - quase o dobro da média mundial, com previsão de crescimento de 7% - , somando US$ 39 bilhões em investimentos. O país é o quarto do mundo em venda de computadores, atrás de Estados Unidos, China e Japão.

Em 2010 foram comercializados no país 13,7 milhões de computadores (55% desktops e 45% notebooks), acrescenta o IDC.

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