Brasil

Brasil anuncia corte de R$ 900 mi no orçamento da Olimpíada

R$ 7,4 bilhões serão gastos no Rio. Para chegar a esse valor, porém, cerca de 12% dos custos inicialmente programados foram eliminados


	Parque Olímpico: R$ 7,4 bilhões serão gastos no Rio. Para chegar a esse valor, porém, cerca de 12% dos custos inicialmente programados foram eliminados
 (Andre Motta/Heusi Action/Brasil2016.gov.br)

Parque Olímpico: R$ 7,4 bilhões serão gastos no Rio. Para chegar a esse valor, porém, cerca de 12% dos custos inicialmente programados foram eliminados (Andre Motta/Heusi Action/Brasil2016.gov.br)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de março de 2016 às 09h16.

Lausanne - A Olimpíada do Rio sofreu um corte de R$ 900 milhões no orçamento, consequência da crise econômica do Brasil.

Detalhes sobre a medida serão apresentados nesta quarta-feira aos membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), em Lausanne.

Os responsáveis brasileiros pelos Jogos vão mostrar que conseguiram equilibrar os gastos com a receita, mas tiveram de abrir mão de vários projetos. O corte nos investimentos irritaram dirigentes de várias modalidades que serão atingidas.

No total, R$ 7,4 bilhões serão gastos no Rio, sem contar as obras de infraestrutura da cidade. Para chegar a esse valor, porém, cerca de 12% dos custos inicialmente programados foram eliminados.

Os principais cortes foram realizados em instalações esportivas e na eliminação de construções temporárias. Mas outras obras foram afetadas. O Metrô, por exemplo, vai operar apenas para levar os passageiros de Ipanema para a Barra, local dos Jogos, sem parar em todas as estações.

A quebra de promessas da Rio-2016 em comparação ao que estava nos planos em 2009 não foi bem recebida por organizações esportivas.

No Itaquerão, por exemplo, os cortes estão relacionados com as estruturas que seriam montadas exclusivamente para os dez jogos dos torneios de futebol. O hipismo também já deixou claro que quer garantias de que o evento, em Deodoro, não será afetado.

A arquibancada flutuante na Lagoa Rodrigo de Freitas está definitivamente descartada. Para a Federação Internacional de Remo, que contava com os Jogos para garantir sua receita, o abandono do projeto significa também um importante prejuízo financeiro.

Haverá espaço para apenas 6 mil espectadores, contra um plano original desenhado para 14 mil. Em Londres, a capacidade foi de 25 mil.

Christophe Rolland, presidente da Federação Internacional de Remo, já indicou que "entende" a crise no Brasil. Mas criticou o fato de a decisão ter sido tomada sem consultar o grupo. Segundo ele, a entidade teria opções a propor se tivesse sido informada antes.

Os responsáveis pelos esportes aquáticos também se mostraram irritados com o Rio. O Maria Lenk conta com três piscinas, mas o ideal seria ter uma a mais. As competições não devem ser afetadas. Mas o que preocupa é a agenda para os treinos de atletas de saltos, nado sincronizado e polo aquático.

PÃO DE QUEIJOS - Cortes ainda foram promovidos no tratamento que os dirigentes receberão. Coquetéis foram reduzidos e, no lugar de canapés de luxo, serão servidos pão de queijo e alternativas mais baratas.

No "ranking" das prioridades, os atletas ficaram em primeiro lugar, com a melhor e mais variada comida. Consultores foram contratados para orientar a forma de preparação para atletas muçulmanos, orientais e de todas as regiões do mundo. Mas os dirigentes terão de se contentar com a mesma refeição do restante da força de trabalho dos organizadores.

Nesta terça-feira, uma reunião preparatória já foi realizada entre os brasileiros e o COI, justamente para afinar o discurso para a apresentação desta quarta. Um das cobranças que o Rio-2016 sofrerá é nas obras do velódromo. Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, vai admitir que estão atrasadas, mas que ainda há como recuperar o tempo perdido.

Outro ponto delicado será o do Metrô, considerado por membros do COI como "fundamental". "Sem metrô não teremos público no evento", alertou ao jornal O Estado de S. Paulo o vice-presidente do COI, Craig Reedie. "Não há opção. Essa obra precisa ocorrer", insistiu.

Prevista para custar R$ 1 bilhão, a obra da Linha 4 conseguiu apenas uma liberação de R$ 422 milhões do BNDES. O governo do Estado tentou pressionar a presidente Dilma Rousseff para acelerar os empréstimos. Mas os valores não teriam sido transferidos.

Hoje, ainda faltam 300 metros de túnel para serem cavados e muitas das estações estão atrasadas. O resultado é que o metrô não deve estar operando para a população até agosto e deve apenas servir aos Jogos Olímpicos, fazendo o trajeto entre Ipanema e Barra.

Para driblar o problema, a linha não vai parar em todas as seis estações previstas. Em seu site oficial, porém, os organizadores não informaram à população a mudança.

Para o Comitê Rio-2016, "mais importante do que o valor que foi cortado é o fato de que o Comitê tem um orçamento equilibrado e vai realizar os Jogos sem onerar a sociedade, pois não está recebendo nenhum centavo de dinheiro público".

Zika

Outro tema que será tratado na reunião desta quarta será o vírus zika, com o COI cobrando ações concretas dos organizadores. Mais, uma vez mais, a crise econômica deverá afetar os planos.

As telas que serão instaladas nos quartos dos atletas na Vila Olímpica não serão gratuitas e cada delegação terá de arcar com os custos da compra e colocação. Nas áreas comuns, o Rio-2016 assumirá os custos.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasCOIMetrópoles globaisOlimpíada 2016OlimpíadasRio de Janeiro

Mais de Brasil

PF envia ao STF pedido para anular delação de Mauro Cid por contradições

Barroso diz que golpe de Estado esteve 'mais próximo do que imaginávamos'

Plano de assassinato de Lula surpreende Planalto: é pior que o 8 de janeiro, dizem assessores

Biometano pode abastecer metade da energia para a indústria de SP, diz secretária do Meio Ambiente