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Brasil ainda não tem agência de vigilância contra doping

Enquanto outros países sofisticam a fiscalização sobre uso de substâncias proibidas no esporte, Brasil continua sem entidade de controle

Doping: agência brasileira está proibida de operar por não se adequar às regras internacionais (Thinkstock)

Doping: agência brasileira está proibida de operar por não se adequar às regras internacionais (Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de março de 2017 às 07h54.

São Paulo - Enquanto o Comitê Olímpico Internacional (COI), em conjunto com a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), intensifica a vigilância sobre o uso de substâncias proibidas no esporte, o Brasil enfrenta um momento de estagnação.

Desde 20 de novembro de 2016, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) está impedida de atuar por ter sido declarada em não conformidade com o Código Mundial Antidoping.

Apesar do anúncio do descredenciamento apenas três meses depois dos Jogos Olímpicos do Rio, o secretário Rogério Sampaio nega que a imagem do País esteja arranhada. A expectativa é de que até o fim do mês a situação esteja resolvida.

"Nós não temos prazo, mas nesse mês de março há uma reunião da Wada em Lausanne, na Suíça, e espero que até lá a gente esteja em conformidade. É extremamente importante que a gente possa fazer o controle de dopagem", afirma.

Em 2017, a ABCD projeta a realização de 4.200 exames antidoping e promete um número crescente nos próximos anos.

"A tendência é ter um aumento de testes conforme se aproximam os Jogos Olímpicos de 2020. À medida que são definidos os representantes, você vai aumentando o número de testes também fora de competição", diz Sampaio.

Daqui quatro anos, a entidade prevê concretizar entre 5.500 e 6 mil exames de controle de dopagem.

Mas a realidade ainda está bem longe dessas estatísticas. Boa parte das confederações olímpicas tem aguardado a ABCD voltar a ficar em conformidade com o Código Mundial Antidoping.

É o caso, por exemplo, da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). "O calendário da Confederação ainda não começou, logo, não existem exames em competições.

A Fina realiza regularmente controles out of competition (fora de competição) nos atletas ranqueados entre os 50 melhores do mundo. O Brasil tem vários. Desta forma, os principais nadadores não estão descobertos", justifica, por meio de sua assessoria de imprensa.

A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) também aguarda o desfecho do processo de recredenciamento e reconhece que os últimos testes foram conduzidos pela ABCD, mas já pensa em um uma alternativa.

"O Plano Anual de Controle de Dopagem da CBJ prevê que os primeiros testes em competição sejam feitos em maio. Caso não seja possível realizá-los em parceria com a ABCD, a CBJ se valerá do sistema utilizado até 2015: contratará empresa para realizar as coletas e enviar as amostras para laboratório credenciado pela Wada."

Durante o período em que a ABCD está inapta de atuar, as confederações podem contratar os serviços de uma empresa de coleta particular e requisitar às respectivas federações internacionais que exerçam a função de "autoridade de teste". Mas a dificuldade financeira seria o entrave para tal medida.

A decisão tomada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) foi criar, em janeiro, a Comissão Nacional Médica de Vôlei. "A CONMED trabalha em parceria com a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), responsável legal pelo controle de dopagem em todo o território nacional, e tem a expectativa de controle de dopagem em 80 eventos seus ainda no primeiro semestre, entre Superliga e circuitos de vôlei de praia."

Já a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) recorreu a um antigo parceiro. Criada em 2005, a Comissão Antidopagem da CBAt (Conad) vinha atuando apenas como um órgão consultivo desde que a ABCD assumiu o controle antidoping do País.

Diante da lacuna aberta em novembro, a Conad - sob auspício da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) - retomou o trabalho. Até agora, foram realizados 50 exames - 28 brasileiros e 22 estrangeiros - e todas as amostras foram encaminhadas para testes no Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), no Rio.

"Nosso planejamento é fazer mais de 800 testes durante o ano, mas agora estamos atuando de forma limitada, até mesmo por questão orçamentária. A CBAt está fazendo o máximo que pode para o atletismo não ficar sem controle antidopagem", explica o presidente Thomaz Mattos de Paiva. E complementa: "Quando a ABCD voltar à carga, trabalharemos em sinergia para a melhora do controle".

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