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Brasil ainda é um megaconsumidor de amianto

País também está os cinco maiores produtores de amianto, que é considerado cancerígeno e prejudicial ao meio ambiente


	Negócio: o amianto, que pouco a pouco perde espaço, é a base dos produtos da empresa Eternit
 (ACAUA FONSECA / EXAME)

Negócio: o amianto, que pouco a pouco perde espaço, é a base dos produtos da empresa Eternit (ACAUA FONSECA / EXAME)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 16 de abril de 2014 às 15h18.

São Paulo – Fortemente condenado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o uso de amianto já foi proibido em mais de 60 países, a maioria ricos, mas ainda é pratica corrente em emergentes. O Brasil é um deles.

O país está entre os cinco maiores consumidores, produtores e exportadores da fibra, que é utilizada em diversos produtos industriais, principalmente em telhas e caixas d’água.

A indústria mundial do amianto é dominada pela Rússia, que é a principal fabricante, responsável por 50 por cento da produção global.

Em seguida, aparecem China, Brasil, Cazaquistão e Índia. Os dados são de um levantamento da International Ban Asbestos Secretariat (IBAS).

Contudo, com o endurecimento de leis nacionais, a produção de amianto (na mineração) e o consumo (produtos manufaturados, por exemplo) têm caído.

Ao longo das últimas três décadas, passou de 5 milhões de toneladas por ano para cerca de 2 milhões de toneladas por ano, segundo estudo recente do Citi.

Perigos

De acordo com a OMS, não existem níveis seguros de exposição ao produto. Estimativas da entidade apontam que 125 milhões de pessoas estão expostas em todo o mundo e 107 mil morrem anualmente de doenças associadas ao amianto.

Quando manuseado sem proteção, o amianto é altamente prejudicial à saúde, e os problemas muitas vezes se manifestam anos depois da exposição.

Ao serem inaladas ou ingeridas, as fibras do pó do amianto estimulam mutações celulares e podem dar origem a tumores e a certos tipos de câncer de pulmão.

Amianto no Brasil — lento banimento

Por aqui, a utilização do amianto se intensificou na década de 70, sobretudo com os programas de habitação popular, mas o uso controlado do produto só foi previsto em lei em 1995.

Além da preocupação com a exposição dos trabalhadores, formas de transporte e comercialização, o descarte do amianto e dos produtos que o cotêm também é alvo de atenção.

Uma telha quebrada de amianto, por exemplo, não pode ser descartada como lixo comum.


A resolução 348 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 2004, determina que produtos que têm o amianto como matéria-prima sejam descartados juntamente com resíduos perigosos em aterros especializados.

Há mais uma década, o país discute a possibilidade de banir o amianto.

Alguns estados brasileiros já possuem ações tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF) para banir o produto.

Seis já venceram. São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco criaram leis proibindo a extração, comercialização e o uso do amianto.

Se unem a eles mais de 20 municípios do país que possuem legislação específica sobre o assunto.

O amianto, que pouco a pouco está perdendo espaço no país, é a base dos produtos da empresa Eternit, maior fabricante de telhas com o mineral.

Segundo reportagem publicada por EXAME, na edição 1063, o valor de mercado da Eternit cresceu 180% nos últimos cinco anos, para 740 milhões de reais.

Mas o atual rumo da empresa pode estar com os dias contados, conforme a reportagem.

Atenta a aos riscos de proibição em mais estados, a empresa vem apostando na diversificação, para ter fontes de receita alternativas ao amianto.

Divergências sobre o futuro dos negócios da Eternit parecem estar gerando um racha no conselho de administração.

Uma assembleia de acionistas, macada para 23 de abril, deve decidir os novos rumos (ou não) da administração.

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