O ministro da Casa Civil, Braga Neto , participa da coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, sobre as ações de enfrentamento no combate ao coronavírus (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 14 de dezembro de 2024 às 07h47.
Última atualização em 14 de dezembro de 2024 às 22h36.
A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã deste sábado, 14, o ex-ministro da Casa Civil e Defesa Walter Souza Braga Netto, indiciado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Braga Netto, general quatro estrelas da reserva do exército, foi candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022. A informação foi divulgada pelo blog da jornalista Andreia Sadi, do G1, e confirmada pela EXAME.
Braga Netto foi preso em Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, e será encaminhado ao Comando Militar do Leste, onde ficará sob custódia do Exército Brasileiro.
Em nota, a PF afirmou que a prisão ocorreu porque “indivíduos estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal”. Além do mandado de prisão preventiva, o Supremo Tribunal Federal (STF) expediu dois mandados de busca e apreensão e uma medida cautelar.
A Polícia Federal indiciou no fim de novembro Braga Netto, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 34 pessoas por tentativa de golpe de Estado e formação de organização criminosa. O inquérito será enviado à Procuradoria Geral da República (PGR), que decidirá se apresentará denúncia ou não contra os indiciados perante a Corte.
Segundo o documento de mais de 800 páginas, Braga Netto foi uns dos principais articuladores do plano. Os investigadores afirmam que o ex-ministro de Bolsonaro faria parte do núcleo "responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado" e do núcleo de "oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos".
O relatório descreve Braga Netto como um dos líderes do grupo, juntamente com o general Augusto Heleno, que planejava a criação de um gabinete vinculado à Presidência da República após a consumação do Golpe de Estado. Esse gabinete, composto majoritariamente por militares e alguns civis, teria a função de assessorar o então presidente Jair Bolsonaro em um novo regime autoritário.
O inquérito aponta que o general da reserva coordenou ataques a generais do Alto Comando do Exército que se recusavam a participar da tentativa de golpe. Ele também teria orientado a disseminação de mensagens de apoio a militares que se alinhavam ao plano golpista.
Os investigadores apontaram que uma reunião foi realizada no dia 12 de novembro de 2022 na casa do general Walter Braga Neto, em meio a um suposto planejamento para o assassinato do então presidente-eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin, e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A participação do general foi confirmada por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Na conclusão do inquérito, a PF afirmou que Braga Netto buscou informações sobre o “acordo de colaboração” do tenente-coronel Mauro Cid por meio dos pais do militar.
Durante uma operação de busca e apreensão na sede do PL, a PF localizou um documento que seria um "guia de perguntas e respostas" sobre a delação de Mauro Cid. O material estava na mesa do coronel Flávio Peregrino, assessor de Braga Netto na época, que ocupava um cargo no partido.
Em nota, divulgada na época do indiciamento, Braga Netto afirmou que "nunca se tratou de golpe e muito menos de plano de assassinar alguém" e que "sempre primou pela correção ética e moral na busca de soluções legais e constitucionais".