Barragem rompida: a hipótese de que um abalo sísmico de 2 pontos na escala Richter poderia ter causado os rompimentos está sendo investigada (Ricardo Moraes/ Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2015 às 20h40.
Belo Horizonte e São Paulo - Após o rompimento de duas barragens, na tarde desta quinta-feira, 5, entre Mariana e Ouro Preto, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais afirmou na manhã desta sexta-feira, 6, que há riscos em outra barragem. De acordo com o assessor de comunicação, major Rubem da Cruz, a corporação monitora uma terceira barragem na cidade de Mariana, que poderia ter um novo risco de rompimento.
Em entrevista à Rádio CBN, ele afirmou que uma vistoria foi realizada durante a madrugada e deve-se repetir na manhã desta sexta-feira. Ainda segundo ele, a hipótese de que um abalo sísmico de 2 pontos na escala Richter poderia ter causado os rompimentos está sendo investigada.
O prefeito de Mariana, Duarte Junior (PPS), disse que decretará estado de emergência no município, atingido por uma onda de lama depois que duas barragens da mineradora Samarco estouraram.
A Prefeitura da cidade de Mariana divulgou pedido de ajuda nas redes sociais para receber donativos, como roupas, colchões, água mineral, produtos de higiene pessoal, e também, pratos, copos e talheres descartáveis. Os interessados em ajudar devem se dirigir ao Centro de Convenções do município. O governador do Estado, Fernando Pimentel (PT), e o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, devem chegar ao local na manhã desta sexta-feira.
Tragédia
O distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, foi completamente alagado. Até as 23h de ontem, haviam sido confirmados 17 mortes e 75 feridos. A previsão dos bombeiros era de que o número de mortes chegasse a 40 - ainda havia desaparecidos e muitas pessoas a resgatar.
A tragédia deve transformar-se na mais grave na área ambiental do Estado. Até uma igreja histórica do século 18 e uma escola de ensino fundamental teriam sido atingidas.
"Uma avalanche de lama destruiu casas, escola, igreja, posto de saúde e carros. Muitas famílias estão desalojadas e sem notícias de seus familiares. O resgate é difícil e somente com helicópteros é possível chegas às áreas destruídas", relatou ao jornal O Estado de S. Paulo o secretário de Saúde de Mariana, Juliano Duarte. "Muitos desabrigados estão alojados provisoriamente em uma escola. É uma das cenas mais tristes que já vi", lamentou.
"O distrito desapareceu, sumiu debaixo da lama", afirmou o prefeito Duarte Júnior à Rádio Estadão. "Cheguei perto e eu vi a visão da inferno. A gente que conhece o lugar olhava e não via mais nada, casa, carro em cima de telhado."
Segundo o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, coordenador de Meio Ambiente do Ministério Público Estadual, a situação é catastrófica. "Ainda não há condições de saber o número total de mortos", disse. Uma avaliação completa só será possível na manhã de hoje.
A população estimada de Bento Rodrigues, que fica a 25 km da região central do município, é de 620 pessoas, residentes em 200 casas, de acordo com os dados do governo do Estado.
Exército
Em nota oficial, o governador Fernando Pimentel (PT) afirmou ter recebido com "consternação a informação sobre o rompimento da barragem". Já a presidente Dilma Rousseff foi informada do acidente pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, e colocou o Exército, o Centro de Desastres e a Força Nacional à disposição para ajudar no socorro.
Nota de EXAME.com: Em relação às 17 mortes citadas no texto, a Samarco ressalta em seu site que, até o momento, não é possível confirmar número de vítimas e desaparecidos. Mais tarde, em reportagem atualizada do Estadão Conteúdo, o diretor de Controle de Emergências da Defesa Civil de Minas Gerais, capitão Paulo Montezano, disse também que "ainda é impossível determinar o número de vítimas do rompimento das barragens".
Confira o vídeo do rompimento da barragem: