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Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2011 às 14h47.
Rio - O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, chamou de "vândalos e irresponsáveis" os bombeiros que invadiram hoje o quartel central da corporação que, segundo ele, teriam agido por motivação política. Ele decidiu exonerar o Comandante Geral do Corpo de Bombeiros, Pedro Machado, por causa da crise e colocar em seu lugar o coronel Sérgio Simões, que estava atualmente na Secretaria de Defesa Civil do município.
Muito exaltado, Cabral que se reuniu durante toda a manhã com secretários e representantes da polícia e dos bombeiros, disse que foi uma covardia dos amotinados levar mulheres e crianças para o quartel. Ele afirmou que não há motivo para a manifestação, uma vez que, ao contrário do que alegam os insurgentes, o salário dos bombeiros não é o pior do Brasil. "Mesmo que fosse, não justificaria a entrada no quartel de maneira irresponsável, intolerável e abominável".
Para o governador, o movimento esconde uma motivação política. "Eles jamais poderiam se deixar seduzir pelo discurso fácil, messiânico, fundamentalista, que mistura Bíblia e política", afirmou. "São políticos que já passaram quatro, oito anos no governo e não fizeram um quinto do que nós fizemos". Cabral afirmou que os 439 presos vão responder administrativa e criminalmente pela invasão.
Invasão
O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar invadiu hoje, por volta das 6 horas, o quartel geral dos bombeiros, no centro do Rio, para reprimir o protesto de mil bombeiros que ocupavam, desde a noite passada, a unidade. Com o uso de explosivos, os homens do Bope botaram abaixo o portão dos fundos do quartel e entraram detonando bombas de gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral. Houve muito tumulto e rajadas de tiros.
Os bombeiros tomaram o quartel geral da corporação para reivindicar aumentos salariais e melhorias nas condições de trabalho. O grupo decidiu entrar em greve de fome depois que foi levado para o Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica. De acordo com o governador Sérgio Cabral (PMDB), todos vão responder a processos criminais e administrativos. É possível que sejam demitidos da corporação.
Mulheres e crianças que acompanhavam a manifestação ficaram feridas depois da invasão do Bope. Pelo menos cinco meninos foram levados para o Hospital Souza Aguiar, vizinho ao quartel ocupado, atordoados com as bombas. Eles foram atendidos e liberados. Uma mulher identificada Cléa Borges Menegueli, de 27 anos, casada com um salva-vidas de Rio das Ostras, estava grávida e sofreu um aborto durante o confronto. Ela foi levada para o Hospital dos Bombeiros.
Apesar de haver bombeiros armados no local, os manifestantes não resistiram à ação da PM. Além do Bope, também participaram da operação o Batalhão de Choque, o Regimento de Cavalaria e a Companhia de Cães. Deputados estaduais e integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ) afirmaram que a ação da PM foi truculenta e exagerada.