O deputado Jair Bolsonaro (Renato Araújo/Agência Brasil)
Anderson Figo
Publicado em 3 de setembro de 2017 às 16h28.
São Paulo — O deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) e seu pai, o também deputado e pré-candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSC-RJ), querem incluir o nome de Enéas Carneiro no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que fica no Panteão da Pátria Tancredo Neves, na praça dos Três Poderes, em Brasília.
A informação foi publicada neste domingo (3) no jornal Folha de S.Paulo. O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria tem em suas páginas de aço gravações dos nomes de brasileiros que ofereceram a vida à pátria. O primeiro nome do livro, incluído em 1992, é de Tiradentes.
Enéas Carneiro ficou conhecido pelo bordão "meu nome é Enéas" nas propagandas eleitorais do Prona, extinto partido que foi fundado por ele. Morto em 2007, Enéas chegou a ser eleito deputado federal em 2002 com recorde de votos (1,7 milhão).
O pedido de inclusão do nome de Enéas no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria pelos Bolsonaros foi barrado pela deputada Érika Kokay (PT-DF), que pediu vista do projeto alegando que Enéas "não preenche os requisitos" para ter seu nome no livro.
Segundo ela, qualquer proposta dos Bolsonaros esbarra na "visão distorcida deles" sobre heroísmo. "É uma preposição feita por quem vangloria torturadores", afirmou à Folha, destacando o fato de Jair Bolsonaro ter mencionado o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, símbolo da repressão durante a Ditadura Militar, na votação do impeachment de Dilma Rousseff, em 2015.
Eduardo Bolsonaro rebateu os argumentos de Érika dizendo que a indicação do nome de Enéas ao livro seria por causa de sua intelectualidade. "Não tem nada a ver com a ditadura. É uma pessoa que se destacou desde jovem ao se dedicar aos estudos, [teve] uma vida difícil e provou que qualquer brasileiro pode alcançar grandes postos na sociedade", disse o deputado ao jornal.
O relator Diego Garcia (PHS-PR) votou a favor da inclusão do nome de Enéas no livro, mas outros deputados, como Jean Wyllys (PSOL-RJ), são contra. O projeto segue sendo debatido na Comissão de Cultura.