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Foco no agronegócio, não nas queimadas: Bolsonaro vai ao Mato Grosso

O estado vive situação de calamidade com o aumento de focos de incêndio no Pantanal, mas visita do presidente deve ter foco no agronegócio

O presidente Jair Bolsonaro, que visita hoje o norte de Mato Grosso: o maior produtor de grãos vem investindo na produção de etanol para diversificar sua fonte de receita (Alan Santos/PR/Flickr)

O presidente Jair Bolsonaro, que visita hoje o norte de Mato Grosso: o maior produtor de grãos vem investindo na produção de etanol para diversificar sua fonte de receita (Alan Santos/PR/Flickr)

O presidente Jair Bolsonaro deve visitar na manhã desta sexta-feira (18) as cidades de Sinop e Sorriso, no norte de Mato Grosso, onde participa da inauguração de usinas de etanol de milho e de uma solenidade para dar início ao plantio da nova safra de soja. A visita acontece num momento em que o estado vive em estado de calamidade por causa da propagação de incêndios florestais.

A programação da visita do presidente, em princípio, não prevê nenhuma ação relacionada aos incêndios, que atingem sobretudo o Pantanal, bioma que se estende entre o sul de Mato Grosso e o norte de Mato Grosso do Sul. Segundo o Ibama, o fogo já consumiu pelo menos 2,9 milhões de hectares do Pantanal, área correspondente a 19 vezes o território da cidade de São Paulo.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que houve um aumento de mais de 200% nas queimadas no Pantanal entre 1º de janeiro e 16 de setembro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Na segunda-feira (14), o governador Mauro Mendes (DEM) decretou o estado de emergência no estado para poder contratar equipes e comprar materiais em regime de emergência. Segundo Mendes, a longa estiagem – são mais de 100 dias sem chuva – e a baixa umidade relativa do ar são fatores que têm favorecido a propagação do fogo.

Na quarta-feira, Bolsonaro declarou que considera “desproporcionais” as críticas internacionais ao aumento de queimadas no Brasil. “A Califórnia está ardendo em fogo, a África tem mais foco que o Brasil”, disse. Ontem, ao visitar o interior da Paraíba para inaugurar uma usina fotovoltaica, Bolsonaro afirmou que “o Brasil está de parabéns” pela forma como preserva o meio ambiente.

Hoje, a previsão é que Bolsonaro chegue ao aeroporto de Sinop em um avião da FAB às 7h30, acompanhado do ministro Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura, e da ministra Tereza Cristina, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Eles devem seguir para inaugurar uma usina de etanol de milho em Sinop, de propriedade da Inpasa, empresa que produz etanol também no Paraguai.

Depois, o presidente e comitiva devem seguir para o município de Sorriso, onde deve inaugurar a primeira etapa de uma nova usina de etanol de milho da FS Bioenergia, que já tem outra unidade produtora no estado, em Lucas do Rio Verde – a primeira usina de etanol do milho do Brasil, inaugurada há três anos pelo presidente Michel Temer.

Maior produtor de milho do Brasil, Mato Grosso tem apostado no etanol como uma fonte alternativa de receita. O estado conta hoje com 13 usinas de etanol, sendo sete de cana, três flex (cana e milho) e três de milho. Dos mais de 30 bilhões de litros de etanol produzidos no país na última safra, menos de 5% foram obtidos a partir do milho. Os outros 95% foram produzidos a partir da cana.

A vantagem da cana é sua produtividade. Em média, em um hectare é possível produzir cana suficiente para obter até 8.000 litros de etanol, enquanto um hectare de milho rende em torno de 3.500 litros de etanol. O milho, no entanto, pode ajudar a manter os preços do combustível mais estáveis ao longo do ano, uma vez que é possível produzir o grão na entressafra da cana, quando os estoques de etanol diminuem.

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