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Bolsonaro tenta encerrar crise entre filho e Mourão

Carlos Bolsonaro também fez postagens contra o vice na noite de terça-feira, 23, apesar do pronunciamento do porta voz do governo sobre o caso

Hamilton Mourão: "a minha mãe sempre dizia uma coisa, quando um não quer dois não brigam", disse o vice (Luisa Gonzalez/Reuters)

Hamilton Mourão: "a minha mãe sempre dizia uma coisa, quando um não quer dois não brigam", disse o vice (Luisa Gonzalez/Reuters)

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Reuters

Publicado em 23 de abril de 2019 às 22h11.

Brasília - Depois de seu filho Carlos usar as redes sociais ao longo do dia para fazer ataques diretos ao vice-presidente Hamilton Mourão, o presidente Jair Bolsonaro usou mais uma vez o porta-voz, general Otávio do Rêgo Barros, para tentar debelar a crise mas, ao mesmo tempo que fez elogios a Mourão, defendeu Carlos, a quem atribui sua vitória nas eleições de 2018.

"De uma vez por todas o presidente gostaria de deixar claro o seguinte: quanto a seus filhos, em particular ao Carlos, o presidente enfatiza que ele sempre estará a seu lado. O filho foi um dos grandes responsáveis pela vitória nas urnas contra tudo e contra todos. 'É sangue do meu sangue'", disse o porta-voz, citando Bolsonaro.

"Em relação ao general Hamilton Mourão, o presidente destacou que o general é o subcomandante do governo. Ele topou o desafio das eleições e terá a consideração e o apreço do senhor presidente."

A mais nova rodada de ataques de Carlos ao vice-presidente começou na noite de segunda-feira, depois de Mourão ter respondido as críticas do escritor Olavo de Carvalho aos militares. Carlos, que é seguidor de Carvalho, o defendeu no Twitter e centrou seus ataques no vice-presidente.

Na noite de segunda-feira, Carlos repostou em suas contas no Twitter e Instagram um post da jornalista Raquel Sherazade em que ela criticava Bolsonaro e elogiava Mourão. O vice-presidente curtiu o post.

"Tirem suas próprias conclusões. E tem muito mais... não se atente no que a pessoa diz, mas em quem curtiu", escreveu Carlos.

Em seguida, um de seus seguidores chamou a atenção de Carlos para o convite de uma palestra que Mourão fez no instituto Wilson Center, um centro de estudos de políticas públicas norte-americano. O texto diz que os primeiros 100 dias foram marcados pela paralisia do governo Bolsonaro devido a "sucessivas crises geradas pelo próprio círculo interno do presidente". Acrescenta, ainda, que Mourão vem surgindo como uma "voz moderada" no governo.

"Se não visse não acreditaria que aceitou (o convite) com tais termos", escreveu Carlos. "Este jogo está muito claro."

Em um dos posts, quando um seguidor pergunta se Mourão está contra o presidente, Carlos responde: "será ou com certeza?"

Os últimos posts de Carlos contra Mourão foram publicados na noite desta terça, logo depois da fala do porta-voz.

"Naquele fatídico dia em que meu pai foi esfaqueado por ex-integrante do PSOL e o tal de Mourão em uma de suas falas disse que aquilo tudo era vitimização", escreveu, postando uma frase do vice à época. Em seguida, publicou: "Nunca foi por briga e sim pela verdade."

Depois de evitar comentar pela manhã as ações de Carlos, ao sair da Vice-Presidência no final da tarde, Mourão disse que é preciso ter calma com a situação.

"É o seguinte: calma, todo mundo emite sua opinião, tal e coisa. Então, a minha mãe sempre dizia uma coisa, quando um não quer dois não brigam", disse o vice.

Entre seguidores de Carlos nas mídias sociais, cresce o número dos que acusam o vice-presidente de traidor. No entanto, o vereador também foi bastante criticado por fomentar crises no governo.

O filho do presidente é o responsável por gerenciar as redes sociais de Bolsonaro e, apesar de não ter cargo, é um dos olavistas mais influentes no governo.

Por meio do porta-voz, mesmo defendendo o filho, Bolsonaro preferiu se distanciar das postagens de Carlos.

"Além dessas considerações, o senhor presidente evidencia que declarações publicadas nas mais diversas mídias são de exclusiva responsabilidade daquele que as emite", disse Rêgo Barros.

Em conversa com a Reuters, uma fonte palaciana destacou o fato do Twitter do presidente, em que Carlos posta em nome do pai, praticamente não foi acionado desde sábado, quando foi postado o vídeo de Carvalho criticando os militares, apagado em seguida. No domingo, Bolsonaro colocou apenas uma mensagem de Páscoa. Seria um sinal da intenção de diminuir os focos de crise no governo.

Como mostrou a Reuters, a ordem no Planalto agora é ignorar as postagens de Olavo de Carvalho, origem da crise mais recente.

"O presidente ressaltou também, de forma genérica, que quaisquer outras influências externas ao governo que venham a contribuir para as mudanças propostas para o Brasil serão muito bem-vindas", disse o porta-voz, em uma nova versão da crítica feita no dia anterior a Carvalho.

Na noite de segunda, também através do porta-voz, Bolsonaro respondeu pela primeira vez às críticas do escritor. Em meio a elogios a Carvalho e suas "boas intenções", disse que suas declarações não contribuem para a "unicidade de esforços" e para o projeto do governo.

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