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Bolsonaro só encaminhará indicação quando Eduardo sentir que será aprovado

O filho do presidente está visitando gabinetes de senadores para avaliar quando terá o aval para ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos

Eduardo: a vaga de embaixador nos EUA está aberta desde abril, quando Sergio Amaral, que está no Itamaraty desde 1971, foi transferido de volta para Brasília (Joshua Roberts/Reuters)

Eduardo: a vaga de embaixador nos EUA está aberta desde abril, quando Sergio Amaral, que está no Itamaraty desde 1971, foi transferido de volta para Brasília (Joshua Roberts/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 15 de agosto de 2019 às 10h09.

Última atualização em 15 de agosto de 2019 às 10h14.

Brasília — O presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai encaminhar a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira em Washington quando o filho, que está visitando gabinetes de senadores, avaliar que seu nome tem condição de ser aprovado no Senado.

Para ser oficializada, a indicação precisa ter o aval da Casa. "Essa pergunta tem que ser feita a ele. Ele está andando no Senado, ele que vai sentir o momento para encaminhar", disse o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada. 

Bolsonaro foi perguntado sobre quando encaminhará ao Senado a mensagem presidencial com o nome do filho para a embaixada e, em seguida, confirmou que vai oficializar a indicação quando Eduardo avaliar que seu nome será aprovado.

No começo de agosto, os Estados Unidos deram o aval para a indicação de Eduardo. Na ocasião, o presidente afirmou que esperaria a autorização do país de Donal Trump para formalizar a decisão no Diário Oficial da União.

Desde então, o deputado tem passado por gabinetes de senadores para garantir uma votação positiva na casa. Recentemente, ele classificou que, se aprovado seu nome, ele será o embaixador "mais cobrado do mundo".

“Independente da resposta que vier, sendo positiva ou negativa, eu vou aceitar. Caso positiva, irei para os Estados Unidos sabendo da responsabilidade. Sabendo que eu serei, provavelmente o embaixador mais cobrado do mundo”, afirmou

Elogios e riscos

Nas viagens de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro, apesar de não ter funções oficiais na administração federal, ajudou a preparar as visitas do pai.

Durante o encontro com Donald Trump na Casa Branca, foi o único a ficar no Salão Oval durante o encontro privado dos dois presidentes, a convite de Trump.

Recentemente, o presidente norte-americano, ao ser questionado pela imprensa brasileira sobre a possibilidade de Eduardo ser o embaixador brasileiro em Washington, disse que o deputado era um jovem “excepcional”.

Os elogios de Trump são uma das justificativas de Bolsonaro para a indicação do filho, sob a alegação da sua proximidade com a Casa Branca.

Essa proximidade, no entanto, tem o lado inverso: a identificação de Eduardo com os Trump faz torcer o nariz o Partido Democrata, que hoje controla a Câmara dos Deputados, por onde passam diversos interesses brasileiros.

Inexperiência

Ao defender a indicação do filho, o presidente destaca o fato de Eduardo ser o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e falar inglês e espanhol.

Desde a campanha, o deputado tem se dedicado à área internacional, fez contatos no exterior e virou amigo de Steve Bannon, o ex-assessor de Trump conhecido pelas posições de extrema-direita. Sua experiência na diplomacia, no entanto, é nula.

Formado em direito, escrivão da Polícia Federal, deputado federal mais votado da história, Eduardo, aos 35 anos, completou a idade mínima para ser embaixador no último mês de julho.

No dia seguinte foi anunciado ao cargo pelo pai — em mais uma gafe do atual governo, que revelou a indicação antes mesmo que tivesse sido enviado o pedido de agrément, o documento diplomático que costuma ser classificado como ultrassecreto para não constranger o país anfitrião.

Ao defender sua própria indicação, Eduardo virou piada por ter contado, ao destacar sua experiência internacional, que morou nos Estados Unidos e “fritou hambúrguer”.

Posto vago

A vaga de embaixador nos EUA está aberta desde abril, quando Sergio Amaral, que está no Itamaraty desde 1971, foi transferido de volta para Brasília.

A hipótese da nomeação de Eduardo já era discutida na embaixada em Washington, segundo uma fonte do Itamaraty, mas a principal aposta era que o escolhido seria Nestor Forster.

Ligado a Olavo de Carvalho, considerado guru do bolsonarismo, o embaixador Foster foi promovido recentemente e já está em Washington.

Uma hipótese é que o nome de Eduardo tenha sido colocado na imprensa para testar a reação e que mesmo que ele seja nomeado, Nestor permaneça como uma espécie de “número dois” para orientá-lo.

O fato do posto ter permanecido vago desde abril era visto com estranheza pelo Itamaraty justamente por ser um momento de aproximação entre os dois países.

O presidente Bolsonaro já visitou os EUA duas vezes em pouco mais de seis meses de mandato e o alinhamento com o país é com Trump é uma das marcas de sua política externa.

Eduardo está em seu segundo mandato como deputado federal, tendo sido o mais votado do país na última eleição, e é presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara.

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