Bolsonaro alimenta emas do Palácio da Alvorada durante seu período de isolamento por causa do coronavírus (Ueslei Marcelino/Reuters)
Carla Aranha
Publicado em 14 de julho de 2020 às 15h11.
Última atualização em 14 de julho de 2020 às 22h17.
Apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter dito que havia programado um novo exame do coronavírus para esta terça-feira, 14, o Palácio do Planalto afirmou que a coleta de sangue ainda não foi marcada. “A resposta do teste deve sair em poucas horas. Aguardo com bastante ansiedade porque não aguento mais essa rotina de ficar dentro de casa. É horrível”, disse Bolsonaro nesta segunda-feira, 13, em entrevista por telefone à rede CNN Brasil. “No mais, está tudo bem. Estamos despachando aqui por videoconferência, o tempo todo”.
Segundo informações do próprio presidente, ele está se tratando com hidroxicloroquina, medicamento que provocou controvérsia no meio científico e não teve sua eficácia comprovada. Bolsonaro também tem realizado dois exames cardiológicos por dia. A medida é recomendada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), já que a hidroxicloroquina pode causar alterações na frequência cardíaca.
No mais, vai tudo bem, segundo o presidente. Ele tem relatado que não teve perda de paladar ou falta de ar, sintomas típicos do coronavírus.
Quando não está em seu quarto, Bolsonaro tem procurado interagir com os animais do Palácio da Alvorada. Uma de suas distrações tem sido alimentar as emas que ficam no jardim da residência oficial. Ele tem usando máscara.
Outros funcionários do Palácio da Alvorada também foram infectados com a covid-19. Pelo menos quatro foram afastados temporariamente de suas funções para se tratar, segundo fontes próximas ao presidente. Não há relatos, até o momento, de que seus filhos e outros membros de sua família tenham contraído a doença.
Vários ministros, no entanto, já pegaram a covid-19. A maioria participou da viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos em março, quando ele se encontrou com o presidente Donald Trump. Mais de 20 pessoas foram infectadas na ocasião, entre elas o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o presidente da Apex, Sérgio Segovia.
Bolsonaro também não está sozinho na lista de líderes que tiveram a doença, da qual fazem parte o primeiro-ministro Boris Johnson, e o príncipe Alberto, de Mônaco. Boris Johnson, que negava a gravidade do coronavírus, chegou a ser internado na UTI. Depois disso, mudou seu discurso e criou regras mais rígidas de isolamento.