(Marcos Corrêa/PR/Flickr)
Fabiane Stefano
Publicado em 3 de abril de 2021 às 13h14.
Última atualização em 5 de abril de 2021 às 09h50.
Enquanto o Brasil registrava recordes de casos e mortes por coronavírus, em Brasília a semana foi marcada pela reforma ministerial promovida pelo presidente Jair Bolsonaro em parceria com o Centrão. Após fortes pressões, o bloco conseguiu expurgar parte da ala ideológica do Palácio do Planalto e, no lugar, incluir nomes da sua esfera de influência, como a deputada Flávia Arruda (PL-DF), aliada de Arthur Lira, presidente da Câmra, e agora responsável pela articulação política do governo.
Na avaliação do cientista político André César, da Hold Assessoria Legislativa, após a dança das cadeiras que respingou até no Ministério da Defesa - o que provocou um frazir de cenhos dentro e fora do Brasil -, Bolsonaro termina a semana enfraquecido e ainda mais refém do centrão, que deve continuar cobrando altos preços pelo apoio - ou, pelo menos, pela não-retirada do apoio - ao presidente.
"Bolsonaro sai dessa crise pior do que entrou, ainda mais enfraquecido e abrindo flancos contra ele, que podem ser cobrados daqui até a eleição", explicou César no último episódio do podcast EXAME Política. "O Centrão hoje é um ator fundamental na estrutura do governo, e vai continuar demandando mais do Planalto. Ao contrário do Bolsonaro, eles sabem jogar o jogo."
Fundador do IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública, Maurício Moura explica que nem mesmo as ingerências do centrão no Planalto são suficientes para comprometer a aprovação do presidente entre os seus apoiadores mais fieis. Entretanto, para grande maioria da sociedade, incluindo os segmentos de renda mais alta (que ajudaram Bolsonaro em 2018), o presidente vem perdendo popularidade.
"O grosso da sociedade está preocupada com a velocidade da vacinação e com o auxílio emergencial. Essa instabilidade característica do governo Bolsonaro virou rotina, mas a má gestão da pandemia incomodou muito a classe média, que começa a perder a paciência", explicou Moura, também no podcast. "As avaliações ótimo ou bom do presidente não caem, mas as que atribuem ruim ou péssimo vêm crescendo."
Mesmo com a troca do comando da Defesa, e a consequente mudança nos comandos das Forças Armadas, César aposta que os militares já percebem uma perda do capital político que a instituição vinha construindo desde os governos petistas.
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