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Bolsonaro pede que ministro esclareça contrato com empresa alvo da PF

Caso enfraquece ainda mais o ministro Osmar Terra, que pode perder o cargo em uma reforma ministerial

Bolsonaro: Osmar Terra afirmou que procurou a PF para investigar a contratação da empresa (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro: Osmar Terra afirmou que procurou a PF para investigar a contratação da empresa (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de fevereiro de 2020 às 14h15.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2020 às 14h17.

Brasília - O presidente da República, Jair Bolsonaro, cobrou explicações, nesta quarta-feira, 12, do ministro da Cidadania, Osmar Terra, sobre contrato milionário firmado pela pasta comandada por ele com uma empresa de tecnologia da informação. O jornal O Estado de S. Paulo revelou que a pasta ignorou alertas de fraude antes de aceitar a contratação da Business Technology (B2T), que virou alvo da Polícia Federal na Operação Gaveteiro.

O caso enfraqueceu ainda mais Terra, que pode perder o cargo em uma minirreforma ministerial a ser promovida por Bolsonaro nos próximos dias.

Pelo desenho traçado até agora no Palácio do Planalto, o titular da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que também está desgastado no governo, deverá assumir a Cidadania.

Bolsonaro pediu apuração sobre as suspeitas de que a B2T foi usada como empresa de fachada para desviar R$ 50 milhões dos cofres públicos entre 2016 e 2018, durante a gestão do presidente Michel Temer, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo.

Ficou irritado porque o ministério comandado por Terra foi alertado sobre a possibilidade de fraude por duas empresas e pela Controladoria-Geral da União (CGU) e, mesmo assim, contratou a companhia.

O contrato com o ministério de Osmar Terra foi assinado em 19 de julho de 2019 no valor total de R$ 6,9 milhões, na época, pelo subsecretário de Assuntos Administrativos da pasta, Paulo Roberto de Mendonça e Paula. No dia 25 de setembro de 2019, o ministro assinou uma portaria que o promoveu para diretor de programa e, dois meses depois, o exonerou da pasta.

Procurado desde a terça-feira da semana passada, Terra se manifestou pela primeira vez sobre o caso nesta quarta-feira. Em nota, ele afirmou que procurou a PF para investigar a contratação da empresa. "Todos os funcionários da linha de decisão e que estão envolvidos na contratação da empresa foram afastados num processo de aperfeiçoamento dos controles", afirmou na nota. "O Ministério da Cidadania está fazendo um pente-fino em todos os contratos da área."

Na montagem do governo, Terra foi indicado para a Cidadania pelo próprio Onyx, então todo poderoso titular da Casa Civil. Os dois são gaúchos. Agora, Bolsonaro está à procura de um lugar para acomodar Onyx - que, desde o episódio da demissão do então secretario executivo da Casa Civil, Vicente Santini, ficou ainda mais desgastado.

O presidente é grato a Onyx, que o ajudou muito na campanha, e por isso não vai jogá-lo "às feras", uma vez que, se retornar à Câmara, ele não terá destaque. É nesse cenário que Bolsonaro planeja encaixar o atual titular da Casa Civil na Cidadania.

O desempenho de Terra no ministério já está incomodando Bolsonaro há tempos, principalmente por causa de problemas no programa Bolsa Família.

Na avaliação do presidente, é mais fácil para Terra do que para Onyx retornar à Câmara. A saída é dada como certa no Palácio do Planalto, mas a dúvida, agora, é sobre quem substituirá Onyx na Casa Civil.

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