Crise: Bolsonaro indicou cinco nomes para integrar o Cade, vinculado ao MJ, sem consultar o ministro Moro (Carolina Antunes/PR/Flickr)
Clara Cerioni
Publicado em 24 de agosto de 2019 às 14h58.
Brasília — O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado (24) que não tem problemas com o ministro da Justiça, Sergio Moro, mas reagiu quando questionado se Moro teria carta branca: "Eu tenho poder de veto em qualquer coisa, senão eu não era presidente. Todos os ministros têm ingerência minha. Eu fui eleito para mudar", disse.
Como informou o Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado, Bolsonaro indicou na sexta-feira (23) cinco nomes para integrar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Apesar de o Cade ser formalmente ligado ao Ministério da Justiça, de Moro, o ministro não foi consultado e não teve influência em nenhuma das indicações.
Segundo a reportagem apurou, ao menos dois deles foram negociados com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), dos advogados Luiz Augusto Hoffmann e Lenisa Rodrigues Prado, indicada para o cargo de procuradora-geral do órgão.
Além deles, Bolsonaro indicou para o conselho o também advogado Sérgio Costa Ravagnani e o economista Luiz Henrique Bertolino Braido. O atual superintendente-geral do órgão, Alexandre Cordeiro, foi reconduzido ao cargo. Todos os indicados passam por sabatina em comissão do Senado e precisam ter seus nomes aprovados pelo plenário da Casa.
A indicação de Cordeiro também foi defendida por senadores. Ainda há uma vaga no conselho, que também deverá ser preenchida por indicação do Senado.
A tentativa de atender senadores vem em um momento em que os parlamentares devem avaliar a possível indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) para embaixador nos Estados Unidos.
No início do mês, Bolsonaro retirou outros dois nomes indicados por ele mesmo em maio e que não teriam agradado aos senadores - eles haviam sido escolhidos pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça, Sérgio Moro.
Tradicionalmente, os escolhidos para o conselho são apontados pelas equipes da Economia e da Justiça. A equipe de Guedes foi quem escolheu Braido.
Ele é PHD em economia pela Universidade de Chicago, onde Guedes também estudou, e é professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro.