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Bolsonaro: Não estou preocupado com panelaço, estou preocupado com o vírus

Panelaços contra o governo foram registrados em diversas capitais brasileiras nos últimos dias

Coronavírus: presidente disse que é necessário uma "carga pesada" de conscientização na população (Carolina Antunes/PR/Flickr)

Coronavírus: presidente disse que é necessário uma "carga pesada" de conscientização na população (Carolina Antunes/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de março de 2020 às 11h09.

Última atualização em 20 de março de 2020 às 11h58.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que não há nenhuma preocupação no governo federal sobre as recentes manifestações populares contra sua gestão. Na quarta-feira (18), panelaços foram registrados em diversas capitais brasileiras manifestações se repetiram na quinta-feira. "Estou preocupado com o vírus, saúde e emprego do povo brasileiro. Qualquer panelaço, qualquer coisa que venha acontecer é manifestação democrática", afirmou.

Após minimizar a disseminação do novo coronavírus no primeiro momento, o presidente afirmou que é necessário uma "carga pesada" de conscientização na população. Apesar de ser contrário ao fechamento do comércio, Bolsonaro pediu para que quem não precisar sair de casa, evitar ir às ruas. "Esta tem que ser a mais importante orientação ao povo brasileiro", afirmou.

O presidente também negou que haja qualquer problema em relação ao Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ou outros membros de sua equipe. "Mandetta, por exemplo, estava um ministro normal. De repente, um dia, ele apareceu e está mostrando sua competência", afirmou.

O mandatário lamentou, por fim, a ausência do general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que testou positivo para coronavírus.

Críticas aos estados

O presidente Jair Bolsonaro também se posicionou contrário a algumas medidas aplicadas por governadores para conter a disseminação da covid-19, transmitida pelo novo coronavírus. "Tem certos governadores que estão tomando medidas extremas que não competem a eles, como fechar aeroportos, rodovias, shoppings e feiras".

Bolsonaro afirmou que ficou "preocupado" ao saber que o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, decidiu fechar as divisas da capital. Além disso, também foram proibidas visitas em praias, rios e portos turísticos da cidade. Medidas semelhantes foram aplicadas pelo governo do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.

Bolsonaro defende que sejam estabelecidas medidas "equilibradas" para conter a doença e para minimizar os impactos na economia. Afirmou que, apesar de o novo coronavírus ser letal, muitos podem morrer de fome por não terem condições de comprar alimentos. "A pessoa com a alimentação deficitária é mais propensa a pegar o vírus e complicar a situação sanitária", afirmou.

Para ele, a situação é mais grave para o trabalhadores informais sem vínculo empregatício. O mandatário afirmou que, por conta da redução de movimento nas ruas, muitos estão em casa sem conseguir vender.

"Vai faltar alimento para eles, Da nossa parte, estamos criando um voucher, de R$ 200. É pequeno, mas é o que podemos fazer. Vocês estão levando como se eu estivesse despreocupado, mas não podemos levar para o extremismo", afirmou ao sair do Palácio da Alvorada na manhã desta sexta-feira (20).

O presidente também afirmou na manhã desta sexta-feira, 20, que não há nenhum conflito entre Brasil e China após seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), culpar o país asiático pela pandemia do novo coronavírus. A publicação, feita na quarta-feira (18) pelas redes sociais, gerou uma grande repercussão e foi repudiada pelo embaixador da China no Brasil, Yang Wanming e autoridades brasileiras.

Questionado por jornalistas sobre as declarações do "filho 03", o mandatário afirmou que não iria opinar sobre o assunto, mas que era "página virada". "Não há nenhum problema. Se tiver que ligar para o presidente Xi Jinping, faço sem nenhum problema", disse. Entretanto, minimizou motivos para que faça um pedido de desculpa formal. "Eu fiz alguma acusação?"

Bolsonaro esclareceu que o contato com o país poderia ser necessário por conta da pandemia de coronavírus, que está em crescimento no Brasil.

"Tem uma questão muito maior que é o vírus. Lá a curva está em descendência (sic), os hospitais estão sendo desativados. Saber o que foi utilizado para chegar a esse ponto. Se houver necessidade eu ligarei sim, sem problemas. Faz parte do meu ofício uma atitude como essa", disse.

Segundo o presidente, o governo federal e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está em contato com outros países sobre remédios e vacinas em testes. A expectativa é que haja algum medicamento disponível para quando o Brasil atingir o pico da disseminação da covid-19.

Médicos cubanos

Bolsonaro afirmou que os médicos cubanos são "um objeto de venda por parte do governo cubano". O presidente não cogita, neste momento, convocar médicos de outros países para ajudar no atendimento de saúde dos casos relacionados ao novo coronavírus.

"Não vamos convocar médicos de outros países. No momento, acho que o que nós temos aqui parece suficiente, mas se o (ministro da saúde, Luiz Henrique) Mandetta achar que podemos abrir espaço para outros médicos, esses médicos têm que estar qualificados", disse.

Segundo o presidente, o país não está buscando a ajuda de novos médicos em Cuba, mas sim contando com auxílios dos que ficaram no Brasil e receberam "asilo" do governo. "Esses (médicos cubanos) que nós estamos aceitando aqui é porque estão no Brasil (são) pouco mais de 2 mil. Ninguém está buscando lá em Cuba médico nenhum, não", declarou.

Mesmo antes do surto de covid-19, o governo federal já previa a contratação de cubanos que permaneceram em território brasileiro após o fim do acordo firmado entre Brasil e Cuba no âmbito do Mais Médicos.

"O que eu conversei com o Mandetta e está tudo certo é que por dois anos eles vão poder exercer a mesma coisa que faziam em governos anteriores, mas nada além disso", afirmou.

O presidente, contudo, fez críticas à formação dos médicos de Cuba. "Se eles fossem tão bons assim, se a formação fosse tão boa assim, teríamos médicos cubanos aqui na frente de pesquisas, na frente de grandes hospitais e não temos", acrescentou.

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