Mandetta ainda ministro: Bolsonaro vai bater à porta da ciência quando surgir uma vacina (Ueslei Marcelino/Reuters)
Denyse Godoy
Publicado em 15 de agosto de 2020 às 11h23.
Última atualização em 15 de agosto de 2020 às 11h26.
No futuro, o presidente Jair Bolsonaro será duramente criticado por ter levado os brasileiros para um abismo com a sua resposta hesitante, egoísta e anti-científica à pandemia do novo coronavírus, disse Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, em entrevista ao jornal inglês The Guardian.
Na entrevista, Mandetta acusou Bolsonaro de ter papel fundamental na trajetória do país rumo à catástrofe. Bolsonaro jogou um jogo político com a vida dos cidadãos em tempos de uma crise global, disse Mandetta.
"É interessante como ele rejeita totalmente a ciência e desdenha de todos que falam de ciência. Ainda assim, quando houver alguma perspectiva de vacina, ele vai ser o primeiro a bater à porta da ciência", afirmou o ex-ministro ao jornal. "Como se uma vacina fosse redimi-lo de sua marcha titubeante através da pandemia."
Segundo o mais recente levantamento do grupo de veículos de imprensa que contabiliza as vítimas do novo coronavírus, há 3.275.520 casos confirmados do novo coronavírus no Brasil, com 106.523 mortes.
Mandetta disse ainda ao jornal inglês que o presidente sabotou completamente o Ministério da Saúde.
O ex-ministro tem sinalizado que pode concorrer com Bolsonaro na eleição presidencial de 2022 mas não confirmou a candidatura, disse o The Guardian.
"Espero que o líder vitorioso em 2022 seja capaz de reconsturir o fraturado tecido social brasileiro, dando a este país um senso de unidade, e aceitando que simplesmente não é normal sair por aí dizendo que o brasileiro gosta de rolar no lixo", disse Mandetta.