Ex-presidente Jair Bolsonaro (Joe Raedle/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 22 de fevereiro de 2024 às 15h21.
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro disse que ele ficou em silêncio no depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira. O depoimento durou cerca de 15 minutos.
— O presidente já saiu, fez o uso do silêncio conforme a defesa antecipou — disse o advogado Paulo Cunha, alegando que a defesa não teve acesso a todos os elementos da investigação como o acesso à delação do tenente-coronel do Exército Mauro Cid.
Bolsonaro foi à sede da Polícia Federal para prestar depoimento no âmbito de uma investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. Além de Bolsonaro, outras 22 pessoas, incluindo ex-ministros e militares, foram intimadas a prestarem depoimento hoje. Bolsonaro chegou às 14h19 na sede da corporação.
O adovgado Paulo Cunha afirmou que o ex-presidente não cometeu nenhum delito e disse ainda que Bolsonaro "não teme nada porque não fez nada". E acrescentou que ele nunca foi "simpático" a movimentos golpistas.
— O presidente bolsonaro nunca foi simpático a qualquer tipo de movimento golpista — afirmou.
Também já estão na sede da PF os ex-ministros Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.Os 23 depoimentos foram marcados para ocorrer de forma simultânea, a partir das 14h30. Quatorze deles serão realizados em Brasília, quatro no Rio de Janeiro, dois em São Paulo, um no Paraná, um em Minas Gerais, um no Mato Grosso do Sul e outro no Espírito Santo.
Segundo as investigações da PF, há "dados que comprovam" que Bolsonaro "analisou e alterou uma minuta de decreto que, tudo indica, embasaria a consumação do golpe de Estado em andamento". O ex-presidente informou que ficará em silêncio no depoimento e pediu para ser dispensado de comparecer, mas a solicitação foi negada por Alexandre de Moraes. A defesa de Bolsonaro negou que ele tenha participado da "elaboração de qualquer decreto que visasse alterar de forma ilegal o Estado Democrático de Direito".
O ex-presidente e o restante dos intimados foram alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada há duas semanas por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Justiça aplicou uma série de medidas cautelares contra Bolsonaro, como a proibição de deixar o país, devendo entregar o passaporte no prazo de 24 horas, e de se comunicar com demais investigados, nem por meio de advogados.
Ao longo da semana, os advogados de Bolsonaro argumentaram que ele não prestaria depoimento até ter acesso integral às provas do processo. O ex-presidente e sua defesa tentaram conseguir autorização do Supremo Tribunal Federal para não depor. O ministro Alexandre de Moraes negou o pedido.