Brasil

Presidente da ABDI é exonerado após fala sobre “pedidos não republicanos”

O decreto de exoneração, assinado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, está publicado no Diário Oficial da União desta quarta

ABDI: Para o lugar de Luiz Augusto, Bolsonaro nomeou Igor Nogueira Calver (Montagem/Exame)

ABDI: Para o lugar de Luiz Augusto, Bolsonaro nomeou Igor Nogueira Calver (Montagem/Exame)

AB

Agência Brasil

Publicado em 4 de setembro de 2019 às 07h37.

Última atualização em 4 de setembro de 2019 às 12h58.

São Paulo —  O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Luiz Augusto de Souza Ferreira, foi exonerado nesta quarta-feira, 4. A demissão, publicada no Diário Oficial da União, ocorre quatro dias após ele ter dito que recebeu "pedidos não republicanos" do secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa. Um auxiliar de Costa, Igor Calvet, vai assumir o cargo na agência.

Entre os pedidos relatados por Ferreira foi o de que a ABDI bancasse o aluguel de salas em São Paulo sem necessidade. O aluguel, de acordo com o agora ex-chefe da agência, serviria para abrigar escritórios da secretaria de Costa e criaria um custo adicional de R$ 500 mil por ano à agência, que é mantida por meio de repasses de recursos do Sistema S.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, no domingo, 1º de setembro, Ferreira relatou que este foi um dos "pedidos não republicanos” de Carlos da Costa, com quem tem tido desavenças nos últimos meses.

A briga entre os dois foi revelada pela revista Veja. Procurado para comentar as acusações, o secretário não respondeu.

Na segunda-feira, 2, após ser questionado sobre as acusações de Ferreira contra Costa, Bolsonaro afirmou que um dos dois (Luiz Augusto Ferreira ou Carlos da Costa) "perderia a cabeça".

A ABDI, uma agência que tem como foco fomentar a inovação e melhorar a competitividade da indústria nacional, é formalmente ligada ao Ministério da Economia e tem Costa como presidente de seu conselho deliberativo.

Criada em 2004, a agência tem como atribuição desenvolver estudos e pesquisas que possibilitem maior competitividade da indústria brasileira, principalmente relacionadas à inovação e a novas tecnologias.

WhatsApp

Conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, Ferreira disse que recebeu o pedido de Costa para o aluguel de salas, localizadas no prédio do Banco do Brasil, na capital paulista, via WhatsApp. A ideia de Costa, afirmou o executivo, era que o espaço fosse utilizado tanto pela agência quanto pela secretaria em um acordo de cooperação.

Ferreira teria respondido não ver necessidade no aluguel, já que a agência já utilizava salas no prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sem nenhum custo e, portanto, não havia planos de mudanças por parte da agência. A sede da Fiesp também fica localizada na Avenida Paulista.

Substituto

Nomeado para substituir Ferreira na ABDI, Calvet ocupava a secretaria especial adjunta da Secretaria de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia. O cargo é uma espécie de número 2 do titular do órgão, Carlos da Costa, alvo das acusações.

O novo presidente da entidade é uma indicação do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Calvet é servidor público da carreira de especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental. Teve passagens pelo extinto Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e, no início da carreira, foi analista de mercado da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).

Acompanhe tudo sobre:Governo BolsonaroJair BolsonaroMinistério da Economia

Mais de Brasil

Enem 2024: prazo para pedir reaplicação de provas termina hoje

Qual é a multa por excesso de velocidade?

Apesar da alta, indústria vê sinal amarelo com cenário de juros elevado, diz economista do Iedi

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato