O presidente eleito Jair Bolsonaro, participa no Congresso Nacional da sessão solene em comemoração aos 30 anos da Constituição Federal. (Cleia Viana/Agência Câmara)
João Pedro Caleiro
Publicado em 21 de novembro de 2018 às 17h21.
O presidente-eleito Jair Bolsonaro nem tomou posse e já enfrenta a dura realidade de lidar com a negociação no Congresso e o corporativismo de setores do poder público.
Um exemplo se deu nesta terça-feira, quando a votação de um dos projetos de lei mais importantes para equilibrar as contas públicas - e defendido por Bolsonaro e sua equipe econômica- acabou mais uma vez postergado.
A tramitação da cessão onerosa, que poderá injetar nos cofres públicos R$ 120 bilhões relativos à exploração do petróleo, ficou suspensa por tempo indeterminado por decisão do presidente do senado, Eunício Oliveira.
Ele alegou que a discussão sobre a repartição desse dinheiro entre estados e municípios exigia mais tempo de discussão. Na semana passada, o próprio Eunício havia se comprometido a pôr o texto nesta semana ontem após acordo com o atual e o futuro ministros da Fazenda.
Eunício, que permanece no cargo até 31 de janeiro, também é pedra no sapato de Bolsonaro em outra frente. O presidente eleito não deve conseguir conter o reajuste dos salários do Judiciário, de 16,38%, aprovado no Senado dias depois de sua eleição.
O aumento dos salários do topo do funcionalismo público brasileiro foi pautado e aprovado por Eunício um dia depois de uma visita do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, ao seu gabinete.
Além das dificuldades para a aprovação da reforma da Previdência, que ficou para o próximo ano, outro revés no Congresso veio com a fala de Rodrigo Maia. O presidente da Câmara disse que não há votos para aprovar a autonomia formal do Banco Central.
Os projetos são vistos como essenciais para colocar o Brasil na rota da sustentabilidade fiscal e para a retomada do grau de investimento.