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Bolsonaro é o 4º ex-presidente preso desde a redemocratização

Collor, Lula e Temer já foram alvo de prisão pela Justiça

Fernando Collor, Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer: ex-presidentes foram presos em diferentes processos. (Montagem/Exame/Getty Images)

Fernando Collor, Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer: ex-presidentes foram presos em diferentes processos. (Montagem/Exame/Getty Images)

Publicado em 22 de novembro de 2025 às 09h09.

Jair Bolsonaro é o quarto ex-presidente do Brasil a ser preso desde o fim da ditadura militar, em 1989. Antes dele, Luiz Inácio Lula da Silva, Michel Temer e Fernando Collor também enfrentaram determinações de prisões — alguns por condenações em ações penais e outros, prisões preventivas ou domiciliares.

Na manhã deste sábado, 22, Bolsonaro foi preso preventivamente em Brasília e levado à sede da Polícia Federal. A prisão ocorreu para a garantia da ordem pública, pela tentativa da violação da tornozeleira eletrônica e por um "elevado risco de fuga", segundo decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Bolsonaro já cumpria prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto, quando o ministro determinou ao entender que o ex-presidente violou as medidas cautelares impostas a ele ao compartilhar conteúdo nas redes sociais dos filhos.

Na decisão que justifica a prisão deste sábado, Moraes afirmou que a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, era um risco para a garantia da ordem pública. O evento aconteceria neste sábado, às 19h, na frente na casa de Bolsonaro.

Na semana passada, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou por unanimidade o recurso contra a condenação a 27 anos e três meses de prisão. O colegiado recusou o chamado embargos de declaração, recurso que serve para rever eventuais erros, omissões ou contradições na análise da ação penal.

Com isso, a tendência era que a prisão de Bolsonaro fosse determinada ainda neste mês, segundo pessoas próximas ao relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, ouvido sob reserva pela EXAME.

Presidentes brasileiros que já foram presos

Fernando Collor de Mello

Collor foi condenado em 2023 a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele foi acusado de receber R$ 20 milhões em propinas relacionadas a contratos superfaturados da BR Distribuidora, atual Vibra Energia.

A prisão aconteceu em abril de 2025, enquanto ele se deslocava para Brasília para cumprir decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Posteriormente, Collor passou a cumprir pena em regime domiciliar com tornozeleira eletrônica.

Michel Temer

O ex-presidente Michel Temer foi preso preventivamente em março de 2019, na Operação Descontaminação, que investigava corrupção, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações ligadas à construção da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro.

A acusação foi baseada em delações de empresários que afirmaram que Temer sabia do pagamento de propinas para viabilizar contratos públicos. Ele permaneceu preso por poucos dias e foi solto por decisão judicial, que impôs medidas cautelares enquanto o processo seguiu tramitando até 2024, quando foi arquivado por falta de provas.

Luiz Inácio Lula da Silva

Lula foi condenado em 2017 pelo então juiz Sergio Moro, no caso do tríplex do Guarujá, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A acusação apontava que o hoje presidente da República recebeu um imóvel como propina em contratos envolvendo a Petrobras.

Ele foi preso em abril de 2018 e ficou detido até novembro de 2019, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu que não poderia cumprir pena antes do fim de todos os recursos. Com isso, Lula foi solto.

Em 2021, o presidente foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que decidiu, por maioria de votos, que Moro não tinha competência legal para julgar os processos da Lava-Jato contra ele na 13ª Vara Federal de Curitiba.

Antes da redemocratização

Casos de prisão de ex-presidentes também ocorreram durante o regime militar. Um dos mais emblemáticos foi o de Juscelino Kubitschek, que teve o mandato cassado e os direitos políticos suspensos em 1968, após ser acusado de corrupção e de apoiar o comunismo.

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