Bolsonaro: desde ontem, o presidente vem usando o discurso de ameaça à soberania (Isac Nóbrega/PR/Flickr)
Clara Cerioni
Publicado em 24 de agosto de 2019 às 12h11.
Brasília — O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar das queimadas na Amazônia e afirmou em seu Twitter neste sábado (24) que "dói na alma ver brasileiros não enxergando a campanha fabricada contra a nossa soberania na região".
Na mesma postagem, há um vídeo com trecho de uma entrevista do General Eduardo Villas Boas, concedida ao jornalista Pedro Bial em setembro de 2017.
- Pelas palavras do General Villas Boas, o real interesse internacional pela Amazônia. Dói na alma ver brasileiros não enxergando a campanha fabricada contra a nossa soberania na região. pic.twitter.com/0t2bFoiRT1
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 24, 2019
Villas Boas conta de uma operação da época em que comandava a Amazônia e foi avisado por um comandante de batalhão que o rei da Noruega estava em uma aldeia indígena.
"Há um déficit de soberania", disse o General na entrevista, ressaltando que a Amazônia tem 84% da floresta preservada, enquanto na Europa, somente 0,3%.
"Nenhum país europeu tem autoridade para nos ensinar em como tratar do meio ambiente", disse ele na entrevista.
Nesta sexta-feira (23), o presidente também usou o Twitter para lamentar que a França tenha afirmado que o presidente do Brasil mentiu ao afirmar seus compromissos com o meio ambiente durante o encontro do G20 ocorrido em junho.
Bolsonaro também disse que Macron divulgou uma de uma antiga queimada na Amazônia com o objetivo de “potencializar o ódio contra o Brasil por mera vaidade”.
Lamento a posição de um chefe de Estado, como o da França, se dirigir ao PR brasileiro como "mentiroso". Não somos nós que divulgamos fotos do século passado para potencializar o ódio contra o Brasil por mera vaidade. Nosso país, verde e amarelo, mora no coração de todo o mundo.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) August 23, 2019
Já o presidente da França, Emmanuel Macron, usou suas redes sociais para afirmar que o G7 (grupo de países ricos, formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) trabalhará para mobilizar os sete países que integram o grupo na luta contra o incêndio na Amazônia e para investir no reflorestamento.
Em mensagem transmitida pela televisão e divulgadas poucas horas antes do início oficial da cúpula em Biarritz, Macron ressaltou que a Amazônia é um "bem comum" e insistiu para que a floresta tropical esteja no topo da agenda da reunião.
"Vamos fazer não só um apelo, mas uma mobilização de todas as potências que estão aqui, em associação com os países da Amazônia, para investir em primeiro lugar para lutar contra esses incêndios em andamento", disse, além de destacar que a França também é um dos países amazônicos por meio do território da Guiana Francesa.