Bolsonaro: presidente teria dito na reunião que troca na PF seria para proteger familiares (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 13 de maio de 2020 às 10h38.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que pode divulgar a parte do vídeo de uma reunião ministerial em 22 de abril em que trata do que diz ser a segurança da sua família no Rio de Janeiro.
Perguntado por jornalistas se poderia divulgar o vídeo, Bolsonaro disse que iria levar a “sugestão” ao advogado-geral da União, José Levi, de tornar pública parte da gravação que registrou a reunião.
“Por mim, eu divulgo”, disse o presidente. “Se eu não me engano, o Celso de Mello ontem oficiou aí o advogado do Moro, a AGU e a Justiça exatamente para ver se a gente entra nessa linha para divulgar, mesmo com os palavrões que eu falo sempre”, disse o presidente a jornalistas ao deixar o Palácio da Alvorada.
Nesta terça-feira, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de 48 horas para o procurador-geral da República, Augusto Aras, o advogado-geral da União, José Levi, e os advogados do ex-ministro Sergio Moro se manifestem sobre o fim do sigilo total ou parcial do vídeo da reunião ministerial gravada no Palácio do Planalto.
Bolsonaro também alegou que não falou as palavras “Polícia Federal”, “superintendência” e “investigação” na reunião gravada em vídeo, e sim tratou dos riscos e a necessidade de melhorar a segurança dos filhos no Rio.
A reunião ministerial do dia 22 de abril foi citada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro no depoimento que deu no âmbito do inquérito aberto, cujo relator é o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar as acusações feitas por Moro ao anunciar que pediu demissão do cargo de que Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal.
Segundo uma fonte com conhecimento do vídeo, na reunião o presidente Bolsonaro se referiu à perseguição a seus familiares como justificativa para a troca do então superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro e teria afirmado que, se ela não fosse efetivada, trocaria o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo e o próprio Moro.