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Bolsonaro diz que estuda recriar Ministério da Segurança Pública

Presidente ainda afirmou que ex-deputado da bancada da bala é cotado para assumir o comando da pasta que seria responsável pela Polícia Federal

Jair Bolsonaro: presidente disse que a nova pasta seria responsável pela Polícia Federal (PF) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) (Adriano Machado/Reuters)

Jair Bolsonaro: presidente disse que a nova pasta seria responsável pela Polícia Federal (PF) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) (Adriano Machado/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 3 de junho de 2020 às 15h34.

Última atualização em 3 de junho de 2020 às 16h12.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na terça-feira que estuda recriar o Ministério da Segurança Pública, desmembrando o atual Ministério da Justiça. A nova pasta seria responsável pela Polícia Federal (PF) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre outros órgãos. Bolsonaro disse que esse é um desejo da Frente Parlamentar da Segurança Pública e que pode conversar com o presidente da frente, o deputado federal Capitão Augusto (PL-SP).

— Existe a possibilidade. A tal da bancada de segurança tem essa intenção. Talvez eu converse com o Capitão Augusto essa semana. Se a gente decidir voltar, eu vou dar o nome do ministro antes de começar a tramitar o projeto para a gente evitar especulações. Tem que ser alguém que entenda o assunto, realmente, para ser ministro da Segurança Pública — disse Boslonaro, ao chegar no Palácio da Alvorada na noite de terça.

De acordo com Bolsonaro, o ex-deputado federal Alberto Fraga, seu amigo pessoal, é "cotado" para o cargo, mas não há definição. O presidente ressaltou que Fraga está "livre de todos os problemas", em referência a sua absolvição em processos a que respondia.

— Fraga? Olha, eu sou amigo do Fraga desde 1982. Tenho que conversar com ele, porque vai estar abaixo dele a PRF, a PF. Não vou dizer que seja ele nem que não seja. Ele está livre de todos os problemas que teve. É um grande articulador. Ele é cotado, mas nada de bater o martelo.

Fraga e Bolsonaro estudaram juntos na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), na década de 1980. Depois, segui carreira na Polícia Militar (PM), onde atualmente ocupa o cargo de coronel da reserva. Ele ainda foi deputado federal por quatro mandatos e chegou a presidir a bancada da bala.

O Ministério da Segurança Pública foi criado pelo então presidente Michel Temer em fevereiro de 2018. Ano passado, contudo, ao assumir a Presidência, Bolsonaro extinguiu a pasta e a fundiu com o Ministério da Justiça. Em dezembro, o GLOBO mostrou que Bolsonaro estudava recriar o ministério e que cogitava coloca Fraga. Na época, o presidente negou.

Em janeiro, em reunião com secretários estaduais de Segurança Pública, Bolsonaro disse que iria estudar a recriação de um ministério para a área, uma das reivindicações trazidas pelos secretários. No dia seguinte, a jornalistas, o presidente confirmou o estudo. Um dia depois, contudo, Bolsonaro recuou e disse que a chance de recriar a pasta era "zero". O recuo ocorreu após o então ministro da Justiça, Sergio Moro, sinalizar que deixaria o governo caso isso ocorresse.

'Sem problemas' com depoimento

Bolsonaro que não vê problemas em prestar depoimento pessoalmente no inquérito que investiga uma suposta interferência na PF. Quando foi investigado, o ex-presidente Michel Temer foi ouvido por escrito.

— Acho que esse inquérito, que está nas mãos do senhor Celso de Mello, vai ser arquivado. A PF está me ouvindo, vão decidir se vai ser presencial ou por escrito. Para mim, tanto faz. O cara, por escrito, eu sei que ele tem uma segurança enorme na resposta, porque ele não vai titubear. Ao vivo, ele pode titubear. Mas não estou preocupado com isso. Posso conversar presencialmente com a Polícia Federal sem problema nenhum.

O presidente disse não ter "nada a esconder" e afirmou que quer "encerrar logo" a investigação.

— Eu tenho tranquilidade. Lógico que a recomendação é que se faça por escrito e tem jurisprudência nesse sentido. Eu acho que o Celso de Mello não vai querer falar que é presencial. Eu não tenho problema nenhum de conversar com soldado da Polícia Militar ou almirante da nossa Marinha, ou com delegado da Polícia Federal. Não tenho nada a esconder, sem problemas. Logicamente, as perguntas tem que ser feitas com educação. E isso eu sei que a Polícia Federal, se isso acontecer, vai fazer dessa maneira. Eu quero encerrar logo isso daí.

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