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Bolsonaro: Apoiaria fim da reeleição para presidente em reforma política

Para o presidente, a possibilidade de se reeleger causou uma "desgraça no Brasil", e líderes fazem de tudo para conseguir apoio político

Bolsonaro: presidente fala de dificuldades em articular reforma (Marcos Corrêa/Agência Brasil)

Bolsonaro: presidente fala de dificuldades em articular reforma (Marcos Corrêa/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de abril de 2019 às 20h49.

Última atualização em 8 de abril de 2019 às 21h02.

São Paulo - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 8, que apoiaria o fim da reeleição para o Executivo em uma eventual proposta de reforma política. A declaração foi dada à Rádio Jovem Pan, gravada hoje e transmitida há pouco.

"A pressão é muito forte para que eu, se estiver muito bem, obviamente, me candidatar (em 2022). Mas (durante a campanha) era minha pretensão (acabar com reeleição) vindo dentro de uma reforma política, que não depende de mim, o próprio Parlamento pode resolver esse assunto se quiser", disse.

Para Bolsonaro, uma reforma política só teria "validade" para ele se o próprio presidente também fosse afetado. "A reeleição causou uma desgraça no Brasil. Prefeitos, governadores e até o presidente se endividam, fazem barbaridades, dão cambalhotas, fazem acordos com quem não interessa, para ter apoio político", disse.

"Se, nessa proposta de reforma (política), para diminuir também os tamanhos das casas legislativas, o custo for tirar a reeleição, eu topo assinar isso daí", acrescentou.

O presidente afirmou também que "não é fácil" convencer três quintos do Congresso por apoio à reforma da Previdência, o mínimo necessário para aprovação de emenda à Constituição.

"O parlamentar sai na rua e é questionado. Ou não tem argumento (pela reforma) ou o argumento não convence (o eleitor), e ele volta pra cá com dúvida. 'Se eu votar, como fica em 2022?'", disse o presidente.

Bolsonaro disse que, se ele se engajar mais pela reforma da Previdência na articulação política, vão afirmar que ele está interferindo no poder Legislativo. "Eu fui parlamentar por 28 anos e sei o que acontece lá dentro", afirmou, em entrevista à Rádio Jovem Pan, gravada nesta segunda e transmitida nesta noite.

Bolsonaro afirmou também que a bancada do PSL é "muito nova", ao tentar justificar a falta de proteção ao ministro da Economia, Paulo Guedes, na audiência da CCJ na semana passada. "Faltou experiência política", disse. No entanto, considerou que a confusão foi positiva para mostrar que os petistas "não querem resolver nada, só querem bagunçar o coreto".

O presidente afirmou que a tramitação da Previdência depende agora de outro poder, o Legislativo, mas que o Executivo tem feito "algumas gestões" porque tem uma "bancada grande lá", em referência aos parlamentares do seu partido, o PSL, o segundo maior partido da Câmara.

"A proposta mais importante do governo vem da economia, do ministro Paulo Guedes, que é a Previdência. A reforma depende agora de outro poder, mas fazemos algumas gestões, temos bancada grande lá", disse Bolsonaro, em entrevista à Rádio Jovem Pan, gravada nesta segunda-feira e transmitida há pouco.

Bolsonaro lembrou que a aprovação da reforma da Previdência seria um sinal positivo para o mercado financeiro. "Aumentará a confiança do investidor", declarou.

O presidente admitiu que gostaria que o governo estivesse funcionando como mais agilidade e salientou que os novos ministros são novos e têm pouca vivência política. "Isso acaba atrapalhando um pouco o andamento", disse. "Mas acreditamos que vamos atingir bem mais de 90% daquilo que nos propomos há pouco tempo", afirmou.

O presidente disse que é parceiro dos demais parceiros. "Devemos ouvir os parlamentares e buscar soluções para suas demandas, que, em grande parte, passam por nós, assim como nossas propostas passam pelo Parlamento. Isso causou algum ruído e dificultou implementação de alguma proposta, mas não vamos colocar algo que não se possa cumprir", disse.

Reeleição

Bolsonaro afirmou que não vai lidar com a tramitação da reforma da Previdência de olho em uma eventual reeleição em 2022. "Se eu pensar em reeleição, faria uma reforma 'light' ou não faria", disse na entrevista à Rádio Jovem Pan.

Bolsonaro disse que mudou de ideia em relação à necessidade de reformar a Previdência quando "teve conhecimento dos números verdadeiros". "Eu vi que, em 2021 ou 2022, o Brasil praticamente quebra se não resolver essa questão", disse.

Em outro momento da entrevista, ao discorrer sobre propostas polêmicas para a Amazônia, o presidente disse que não pode se preocupar com pautas que o desgastem pensando em reeleição. "Se eu pensar em reeleição, eu entro na linha de outros presidentes, que tentaram agradar a outros e hoje não agradam ninguém", disse.

Bolsonaro comentou também a declaração dada por ele na semana passada sobre não ter nascido para ser presidente. "Outro dia eu disse que não havia nascido para ser presidente e desceram a lenha em mim. Os últimos que disseram que estavam preparados, um está preso, a outra está ensacando vento e outro está com vários processos em cima de si", disse o presidente, em referência aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer.

Bolsonaro afirmou que vale a pena ser presidente e que não se arrepende de ter sido candidato. Disse também que admitir não ter nascido para ser presidente "transmite humildade para a população". "Não é fácil sentar nessa cadeira, mas alguém tem de mudar o Brasil", disse.

No entanto, ao ser questionado sobre qual foi o dia mais feliz no Palácio do Planalto, ele respondeu que "não tem dia feliz" na Presidência.

 

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