Jair Bolsonaro; presidente acentuou desavença com o partido desde que disse a um apoiador para esquecer a sigla (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 9 de outubro de 2019 às 20h12.
Última atualização em 9 de outubro de 2019 às 20h31.
Brasília — O presidente Jair Bolsonaro minimizou a crise com o PSL e afirmou nesta quarta-feira (9) que "por enquanto" continua no partido.
"Por enquanto, eu continuo", afirmou ao sair do Palácio do Planalto e ser abordado por jornalistas. "Não tem crise. Briga de marido e mulher, de vez em quando acontece. Tudo bem."
Apesar de negar a crise, o presidente recebeu nesta quarta, fora da agenda, um grupo de deputados do partido que tem formado uma dissidência contra o presidente da sigla, deputado Luciano Bivar.
Ao sair do encontro, os advogados Admar Gonzaga, ex-ministro do TSE, que tem atuado como conselheiro do presidente, e Karina Kufa, advogada pessoal de Bolsonaro, afirmaram que ele está "desconfortável" no PSL e acusaram o partido de falta de transparência.
Bolsonaro negou que tenha problemas com o partido.
"O problema não é meu, o pessoal quer um partido diferente, atuante. Este partido está estagnado", afirmou. "Não tem crise, não tem o que alimentar. Não tem confusão nenhuma."
Na terça-feira, o presidente ajudou a alimentar a crise que vem crescendo no PSL ao dizer a um apoiador, na frente do Alvorada, que esquecesse o partido e seu presidente, Luciano Bivar, que estaria "queimado".
Agora, o presidente deu outra explicação para a questão.
"Falei para o garoto: 'Esquece o PSL.' Por quê? Ele é pré-candidato a vereador, se começar a falar em partido é campanha antecipada, isso que eu falei para ele.", afirmou.
"Após a reunião (com parlamentares), o presidente Bolsonaro destacou que não pretende deixar o PSL de livre e espontânea vontade. Qualquer decisão nesse sentido será unilateral", disse o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, em briefing regular à imprensa.
"O presidente reiterou aos parlamentares (do PSL) que uma de suas premissas é a firmeza na defesa das bandeiras de campanha, que o trouxeram ao Planalto e a muitos ao Congresso. Destacou, ainda que o PSL deve ser um diferencial na política", disse.
Um grupo de deputados do PSL ligados a Bolsonaro divulgou uma carta em desagravo ao presidente, principal nome da sigla, mas que discute a possibilidade de deixar a legenda.
O documento cobra "novas práticas" da atual direção da sigla, e diz que a ala bolsonarista da bancada "não perdeu a esperança" de que seja aberto um "canal de diálogo".
Na carta, parlamentares não falam em deixar a legenda, mas, em reservado, alguns tratam o documento como uma espécie de ultimato.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)