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Bolsonaro deve ir ao Nordeste "levar" o 13º do Bolsa Família

O 13.º do Bolsa Família foi promessa de campanha e deve ser mencionado no balanço dos primeiros 100 dias de governo

Jair Bolsonaro: rejeição maior do que a de Collor, FHC. Lula e Dilma (Fátima Meira/FuturaPress)

Jair Bolsonaro: rejeição maior do que a de Collor, FHC. Lula e Dilma (Fátima Meira/FuturaPress)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de abril de 2019 às 09h49.

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro está programando uma viagem à região Nordeste e deve aproveitar a ocasião para anunciar o pagamento do 13.º salário do Bolsa Família. O dinheiro para bancar a medida já está reservado no Orçamento. A incursão de Bolsonaro à única região em que não foi vitorioso nas eleições faz parte da tentativa de reaproximação com o Congresso e de alavancar novamente sua popularidade após o recuo no início de sua gestão.

O 13.º do Bolsa Família foi uma promessa de campanha de Bolsonaro e deve ser mencionado no balanço dos primeiros 100 dias de governo. Mas a ideia é usar a viagem para mostrar, numa região com muitos beneficiários do programa, que o governo está atuando em outras frentes além da reforma da Previdência, pauta considerada impopular.

Parlamentares da região reclamam que a reforma da Previdência tem sido até agora a única pauta do governo, o que aumenta as cobranças na base eleitoral sobre os congressistas. O anúncio do 13.º seria um afago no sentido de dar aos deputados e senadores uma bandeira num momento de tentativa de construção de uma base aliada, além de apontar para uma agenda mais positiva. A equipe econômica também tem se debruçado sobre medidas para tentar alavancar o crescimento, como antecipou o Estado.

No Congresso, a principal reclamação nos bastidores é a falta de clareza na agenda que será tocada por Bolsonaro durante seu governo, não só na economia mas também em outras áreas. Sem essa visão de mais longo prazo, o presidente encontra dificuldades em convencer potenciais aliados a carimbar em si mesmos o selo de "base do governo", que se traduz no compromisso de apoiar e atuar em defesa das iniciativas do Executivo.

A ida de Bolsonaro ao Nordeste ajuda a azeitar esse caminho na tentativa de construção da base, pois garante momentos de exposição dos parlamentares ao lado do presidente numa situação positiva, de anúncio de expansão do programa social.

Orçamento

O dinheiro necessário para bancar o 13.º do Bolsa Família já foi reservado no Orçamento de 2019, apesar do corte bilionário em outras despesas para assegurar o cumprimento da meta fiscal para o ano. São R$ 2,6 bilhões destinados à medida, elevando os recursos do programa social para R$ 32,1 bilhões neste ano.

O coordenador da bancada do Nordeste, deputado Julio Cesar (PSD-PI), diz que os parlamentares estão tentando estabelecer uma ponte com Bolsonaro e esperam ser recebidos pelo presidente nos próximos dias para tratar de assuntos da região. "Essa reaproximação é importante", afirma.

A bancada do Nordeste também é uma das mais resistentes a pontos polêmicos da reforma da Previdência, como o endurecimento das regras de aposentadoria rural e do benefício assistencial para idosos miseráveis. A região concentra 27% dos beneficiários da Previdência Social e quase metade dos aposentados rurais no País.

A data da viagem e o itinerário de Bolsonaro no Nordeste ainda não foram definidos. Uma possibilidade em estudo é que o presidente e sua comitiva desembarquem na região no fim do mês ou no início de maio. A iniciativa já tem sido sinalizada a congressistas em reuniões com a área econômica.

Região Norte

O presidente deve iniciar a série de viagens que pretende fazer pelo País na região Norte. Ele vai inaugurar o novo aeroporto de Macapá (AP) na sexta-feira (12), ao lado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Bolsonaro também tem intenção de ir a Campina Grande, na Paraíba, para uma cerimônia de entrega de casas populares, ao lado do prefeito Romero Rodrigues (PSDB). A viagem ainda não tem data definida.

Na semana passada, o presidente citou outros potenciais destinos, como Pará e Amazonas, além da própria Paraíba. A aproximação com prefeitos também é um movimento importante, uma vez que o PSL ganhou força apenas nas últimas eleições e não tem essa capilaridade que pode ajudar nas articulações pela reforma.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, também definiu o "contato político" como prioridade para as próximas semanas, em prol da aprovação da reforma da Previdência. Ele já se reuniu com as bancadas do PSD e do PSL - partido de Bolsonaro - e deve ter encontros com PP, PSDB e DEM. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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