Brasil

Bolsonaro deve entregar Banco do Nordeste a aliado do PL

Nome do ex-presidente da Casa da Moeda Alexandre Borges Cabral está em análise no governo para assumir presidência do banco

Jair Bolsonaro: na semana passada, o presidente admitiu estar negociando cargos com os partidos (Carolina Antunes/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro: na semana passada, o presidente admitiu estar negociando cargos com os partidos (Carolina Antunes/PR/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 1 de junho de 2020 às 16h02.

Última atualização em 1 de junho de 2020 às 21h55.

Contrariando suas próprias declarações, o presidente Jair Bolsonaro deve entregar nos próximos dias o comando do Banco do Nordeste (BNB) a um indicado político do PL, partido de Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, e que compõe o centrão, nova base de apoio do governo no Congresso. Na semana passada, Bolsonaro admitiu estar negociando cargos com os partidos, mas negou que tivesse oferecido a políticos o comando de “estatais ou bancos oficiais”.

O nome do ex-presidente da Casa da Moeda Alexandre Borges Cabral está em análise no governo para assumir o comando do Banco do Nordeste. Cabral substituiria Romildo Rolim, que está na presidência desde 2017, gestão de Michel Temer, por indicação de então senadores do MDB.

Veja também: Bolsonaro busca apoio de lideranças do centrão em meio à crise

As indicações políticas fazem parte da nova estratégia do governo de montar uma base sólida de deputados e senadores no Congresso para aprovar propostas importantes do governo e evitar até mesmo que temas polêmicos - como até mesmo um eventual pedido de impeachment - entrem em discussão nas Casas.

Bolsonaro admitiu na semana passada que o governo está entregando cargos para indicados do Centrão e disse que as conversas com os partidos passam também por possíveis alianças na eleição de 2022. O presidente afirmou que os parlamentares se sentem "prestigiados" com as indicações e acrescentou que os deputados, muitas vezes, querem dizer que são os "donos" de determinadas obras.

Veja também: Aliança entre centrão e Bolsonaro facilita o meu trabalho, diz Maia

— Temos que ter agenda positiva para o Brasil e temos que conversar com partidos de centro também. Conduzi a conversa ao longo dos dois últimos meses. Conversei com praticamente todos presidentes e líderes de partidos. Sim, alguns querem cargos, não vou negar. Alguns, não são todos. Mas, em nenhum momento, oferecemos ou pediram ministérios, estatais ou bancos oficiais. Pega o Ministério do Desenvolvimento Regional (o Dnocs está vinculado à pasta), que tem estrutura gigantesca, que em grande parte tem atuação no Nordeste. Tem cargo na ponta da linha, segundo ou terceiro escalão que estava na mão de pessoas que são de governos anteriores ao Temer. Trocamos alguns cargos nesse sentido. Atendemos, sim, a alguns partidos nesse sentido (de cargos) – disse o presidente, durante uma transmissão ao vivo.

Nesta segunda-feira, Bolsonaro entregou a presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a Marcelo Lopes da Ponte, chefe de gabinete do senador Ciro Nogueira (PP-PI). A nomeação garante a aproximação com o PP, presidido por Ciro Nogueira. O fundo tem orçamento de R$ 54 bilhões.

Há duas semanas, o governo já havia nomeado um indicado do PL para a Diretoria de Ações Educacionais do FNDE. O nomeado para a diretoria é o advogado Garigham Amarante Pinto, antes assessor da liderança do PL na Câmara dos Deputados. Ele é nome de confiança de Valdemar Costa Neto, ex-deputado condenado no esquema do mensalão e a ainda em controle da sigla, apesar de não ser formalmente o presidente do partido.

Outras nomeações recentes de indicados por partidos do centrão foram de um indicado do PP para a diretoria-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e de um indicado do PSD para a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Acompanhe tudo sobre:Banco do NordesteJair BolsonaroMensalão

Mais de Brasil

'Tentativa de qualquer atentado contra Estado de Direito já é crime consumado', diz Gilmar Mendes

Entenda o que é indiciamento, como o feito contra Bolsonaro e aliados

Moraes decide manter delação de Mauro Cid após depoimento no STF

Imprensa internacional repercute indiciamento de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe