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Bolsonaro depõe à PF sobre atos antidemocráticos de 8 de janeiro

O ex-presidente foi convocado por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que atendeu um pedido da Procuradoria-Geral da República

Bolsonaro: o ex-presidente nega qualquer participação nos atos de vandalismo cometidos por seus apoiadores (EVARISTO SA/AFP/Getty Images)

Bolsonaro: o ex-presidente nega qualquer participação nos atos de vandalismo cometidos por seus apoiadores (EVARISTO SA/AFP/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 26 de abril de 2023 às 07h19.

Última atualização em 26 de abril de 2023 às 08h01.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai depor nesta quarta-feira, 26, à Polícia Federal no inquérito que apura os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O depoimento está marcado para a parta da manhã.

Bolsonaro foi convocado por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que atendeu um pedido da Procuradoria-Geral da República e deu prazo de 10 dias para a PF ouvir o ex-presidente.

Para justificar o depoimento, a PGR citou um vídeo em que Bolsonaro publicou em suas redes sociais no dia 11 de janeiro, dois dias após os ataques, questionando os resultados das eleições presidenciais do ano passado, quando foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva.

A mensagem foi avaliada pelos investigadores como um sinal que o ex-presidente, que estava em Orlando, na Flórida no dia dos ataques, pode ter estimulado a invasão. Bolsonaro começou a ser investigado pelos ataques aos prédios dos três poderes em 13 de janeiro por decisão de Moraes, após pedido da PGR. O inquérito busca determinar os financiadores e os autores intelectuais dos atos.

Bolsonaro nega qualquer participação nos atos de vandalismo cometidos por seus apoiadores. O ex-presidente retornou ao Brasil em 30 de março, após ter viajado para os Estados Unidos antes da posse de Lula.

Este será o segundo depoimento de Bolsonaro à PF em abril. No dia 5, o ex-presidente foi convocado para falar sobre o inquérito que apura a suposta prática de crime de peculado no caso das joias milionárias que recebeu do governo da Arábia Saudita.

Outros inquéritos contra Bolsonaro

Além das investigações sobre os atos de 8 de janeiro e do caso das joias sauditas, Bolsonaro é investigado em outros quatro inquéritos.

Em um dos casos, Bolsonaro foi acusado por seu então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, de interferir na Polícia Federal para proteger familiares, suspeitos de corrupção. Ele também é investigado por divulgar desinformação sobre as urnas eletrônicas.

As outras duas investigações de que é alvo são por ter vazado informações confidenciais de uma investigação policial sobre um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e por declarações sobre a pandemia de covid-19.

Bolsonaro pode ficar inelegível?

O ex-presidente também corre o risco de ser declarado "inelegível" devido às 16 ações que tramitam contra ele no TSE.

Se for condenado, poderá ser proibido de disputar eleições por oito anos, o que o deixaria de fora das presidenciais de 2026.

Duas ações são por ataques verbais ao processo eleitoral e às urnas eletrônicas, enquanto outras denunciam o uso da máquina pública em benefício próprio durante as presidenciais de outubro, quando foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A investigação mais adiantada, que ameaça seu futuro político, segundo a imprensa, está relacionada com uma reunião que Bolsonaro realizou com embaixadores em 18 de julho de 2022, em Brasília.

Nesse dia, ele exibiu um arquivo em Power Point com informações falsas sobre as urnas eletrônicas. A justiça analisa se houve abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

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