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Bolsonaro defende juiz de garantias e diz que nunca houve acordo para veto

O presidente também afirmou que vai bloquear seguidores que o criticarem pelos casos envolvendo os filhos, num momento em que Flávio Bolsonaro é investigado

Bolsonaro: presidente disse que Sergio Moro seria bem-vindo em uma eventual disputa eleitoral em 2022 (José Dias/Agência Brasil)

Bolsonaro: presidente disse que Sergio Moro seria bem-vindo em uma eventual disputa eleitoral em 2022 (José Dias/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 26 de dezembro de 2019 às 21h14.

Última atualização em 27 de dezembro de 2019 às 06h58.

Brasília — Incomodado com a reação à sua decisão de manter no pacote anticrime a criação do chamado juiz de garantias, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nessa quinta-feira (26) que nunca fez acordos para vetar o artigo e disse que quem não gostou de sua decisão ou se sentir prejudicado pode mudar seu voto.

"Eu não fiz nenhum trato com ninguém sobre vetar o juiz de garantia. É um absurdo eu falar 'vocês aprovam aí que eu veto', isso é um contrassenso. Só uma pessoa sem caráter para pensar uma coisa dessas, mas tem parlamentares falando uma barbaridade dessas, querendo se eximir do que o Congresso aprovou", disse Bolsonaro em sua live semanal.

A decisão do presidente de manter a criação do juiz, que teria a incumbência de atuar durante a investigação criminal para assegurar que os processos legais estejam sendo seguidos, desagradou o ministro da Justiça, Sergio Moro, e criou uma onda de reação nas redes sociais. Durante o feriado de Natal, a hashtag "Bolsonaro traidor" esteve nos principais tópicos do Twitter.

 

Irritado, o presidente afirmou que não pode agradar seus eleitores o tempo todo. "Se entrar em vigor, eu não sei se vai entrar, se te prejudicar não vota mais em mim. Afinal de contas, se eu fizer 99 coisas a favor de vocês e uma contra, vocês querem mudar. Paciência, é um direito de vocês, eu sempre agi assim", disse.

"Lógico que estou preocupado com o voto do eleitor, em fazer bem para o próximo, em agradar, mas eu não posso ser escravo de todo mundo, muita gente defende o juiz de garantia."

Entre as acusações feitas ao presidente está a de que estaria tentando proteger seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, investigado por desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

Incomodado com as acusações, Bolsonaro chegou a dizer que irá bloquear seguidores que levantaram as questões familiares para criticá-lo.

"Falam e ligam a alguma coisa familiar, me desculpam aqui: sai fora da minha página. Se não sair, eu vou para bloqueio. Eu aceito críticas fundamentadas, mas tem muita gente falando abobrinha", reclamou.

"Me desculpa, eu não vou poder agradar vocês em tudo o que faço. Nos projetos que apresento, nas sanções, nos vetos, mas estou fazendo com a consciência tranquila. Não é para proteger ninguém, tá? Ficam aí as teorias das conspirações."

Eleições 2022

Ao fazer sua última live do ano, Bolsonaro aproveitou para fazer elogios a seus ministros, inclusive a Moro, dizendo que ele tem "um potencial enorme" e está fazendo um trabalho "excepcional".

"Pessoal fala que ele vai vir candidato a presidente... Se o Moro vier, que seja feliz, não tem problema, vai estar em boas mãos o Brasil, e eu não sei se vou vir candidato em 2022. Se estiver bem pode ser que eu venha, se não estiver, estou fora. Já cansei de dizer, tem milhares de pessoas melhores do que eu para disputar uma eleição", afirmou.

Bolsonaro cobrou, no entanto, que seus seguidores não façam "aquele joguinho do fogo amigo para entregar para a esquerdalha como a Argentina fez" na próxima eleição. "Aí vocês vão ver o que é bom para a tosse. Esses caras vão ficar 50 anos para sair daqui", disse.

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