Brasil

Bolsonaro decide entregar Secom para mais um militar, diz fonte

Flávio Rocha, que assumirá o cargo de Fabio Wajngarten, será o primeiro militar a assumir o comando da Secom no período posterior à ditadura militar

Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência da República (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência da República (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

R

Reuters

Publicado em 25 de fevereiro de 2021 às 19h08.

O presidente Jair Bolsonaro decidiu entregar a Secretaria de Comunicação (Secom) do governo para um militar, o almirante Flávio Rocha, atual secretário Especial de Assuntos Estratégicos, que irá acumular as duas funções, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.

Rocha assumirá o cargo no lugar de Fabio Wajngarten, que sai depois de uma sequência de atritos com diferentes membros do governo, com a imprensa, com quem deveria fazer a interlocução, e, recentemente, com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, a quem é subordinado.

A mudança deve ser anunciada ainda nesta semana. Rocha será o primeiro militar a assumir o comando da Secom no período posterior à ditadura militar.

Ligado aos filhos de Bolsonaro e à chamada ala ideológica do governo, Wajngarten se aproximou da família ainda durante a campanha e assumiu a Secom em abril de 2019. Publicitário, desde o início estabeleceu uma relação de confronto com a imprensa e se concentrou em lidar com as questões de publicidade do governo.

Apesar dos relacionamentos difíceis -- Wajngarten também brigou com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, quando a Secom respondia à Segov, e com o então porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros --, o secretário deve ganhar um novo cargo, de assessor especial da Presidência.

A mudança envolve algum improviso e rearranjos internos no governo que levarão Rocha a acumular duas funções, respondendo a duas chefias diferentes. Por ora, a Secom se mantém no Ministérios das Comunicações e responderá a Fábio Faria, ao menos oficialmente. Já pela SAE, o almirante responde pessoalmente ao presidente.

Visto como um resolvedor de crises, é homem de confiança de Bolsonaro e frequentemente é chamado para opinar em diferentes temas do governo e realizar missões para o presidente. Recentemente, acompanhou a missão organizada por Fábio Faria a seis países para conhecer as tecnologias de 5G.

Também foi, em uma viagem pouco divulgada, à Argentina, para encontros com o presidente Alberto Fernández e seus ministros, como enviado de Bolsonaro, em uma tentativa de abrir canais em uma relação sempre conflituosa por conta das constantes críticas do presidente ao governo do país vizinho.

Acompanhe tudo sobre:ComunicaçãoGoverno BolsonaroJair Bolsonaro

Mais de Brasil

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdermar

As 10 melhores rodovias do Brasil em 2024, segundo a CNT

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua