Jair Bolsonaro fala com ambulante em Taguatinga: presidente volta a defender o medicamento hidroxicloroquina (Jair Bolsonaro/Twitter/Reprodução)
Reuters
Publicado em 29 de março de 2020 às 13h42.
Última atualização em 31 de março de 2020 às 19h44.
No dia seguinte ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defender o isolamento horizontal para evitar a disseminação do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro divulgou neste domingo um vídeo em que conversa com um vendedor ambulante em Taguatinga, no Distrito Federal, no qual afirma que o povo quer voltar a trabalhar.
No vídeo, o presidente também volta a defender o medicamento hidroxicloroquina como tratamento para a covid-19, doença causada pelo coronavírus, apesar de Mandetta ter alertado na véspera para os riscos do uso indiscriminado do remédio, que pode ser tóxico para determinados órgãos como o fígado.
"O que eu tenho conversado com o povo aí é que eles querem trabalhar. É o que tenho falado desde o começo, vamos tomar cuidado, quem for maior de 65 fica em casa", disse Bolsonaro enquanto conversava com um vendedor de espetinhos que defendia a necessidade de estar na rua trabalhando.
https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1244268944820768769
Enquanto o presidente conversava com o ambulante, outras pessoas começaram a se aglomerar no entorno gravando vídeos e tirando fotos. Muitos dos populares também defenderam a necessidade de romper o isolamento e retornar ao trabalho.
Evitar aglomerações, assim como isolamento e o distanciamento social, é uma das recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a disseminação do coronavírus, responsável por 114 mortes no país até o sábado.
"Aquele remédio hidroxicloroquina está dando certo em tudo que é lugar. Um estudo francês chegou para mim agora. Eu não sou médico não, mas chegou para mim agora", afirmou o presidente sem dar detalhes sobre a que estudo se referia.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi um dos primeiros do país a adotar medidas de restrição à circulação para conter o avanço do coronavírus e a orientação da administração local é para que as pessoas fiquem em casa e saiam apenas em casos de extrema necessidade.
Bolsonaro tem criticado governadores e prefeitos pela adoção de medidas de restrição à circulação, e chegou a acusar os gestores locais que as adotam de cometerem um "crime", de estarem "arrebentando com o Brasil" e de serem "exterminadores de empregos".
Em entrevista coletiva no sábado, Mandetta defendeu o isolamento social como uma forma de conter a propagação do vírus e dar tempo para que o sistema de saúde se organize para o pico da epidemia de Covid-19.
A postura de Mandetta na coletiva veio depois de uma tensa reunião dele com Bolsonaro e outros ministros, na qual o titular da Saúde avisou que não defenderia o isolamento vertical apregoado por Bolsonaro e pediu que o presidente parasse de minimizar a pandemia de coronavírus, a qual ele se referiu por mais de uma vez como "gripezinha".
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