Jair Bolsonaro: presidente eleito deve acabar com a "indústria de multas" ambientais (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 18 de dezembro de 2018 às 15h33.
Última atualização em 18 de dezembro de 2018 às 18h56.
Brasília - O Ministério da Agricultura no novo governo, a ser comandado pela deputada Tereza Cristina (DEM-MS), "terá mais atribuições", absorvendo unidades que estavam nos ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Social, informou nesta terça-feira a equipe de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro, confirmando relatos anteriores.
Conforme comunicado, serão criadas no Ministério da Agricultura a Secretaria Especial de Assuntos Fundiários, a Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação e a Secretaria de Agricultura Familiar.
A Secretaria Especial de Assuntos Fundiários, cujo responsável será o já anunciado presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Nabhan Garcia, tratará da "regularização fundiária, incluindo as atividades de identificação e demarcação de terras indígenas, um tema delicado nas discussões do novo governo.
A demarcação de quilombolas, o licenciamento ambiental no campo e as políticas de reforma agrária também ficarão a cargo da secretaria de Garcia, que se notabiliza pela forte oposição a movimentos de sem-terra.
O novo secretário também deu declarações anteriormente apontando que o governo Bolsonaro deverá acabar com uma "indústria de multas" ambientais, o que segundo ele traz insegurança para investimentos em novas áreas agrícolas.
A unificação dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, aliás, chegou a ser discutida pela equipe de Bolsonaro. A ideia, posteriormente, foi rechaçada, devido a eventuais prejuízos comerciais que poderia trazer para o agronegócio.
Já a Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação deverá "articular, facilitar, promover e alinhar a inovação voltada para o desenvolvimento rural", por meio de instituições como a Embrapa, além de cuidar também dos programas nacionais de irrigação e das questões relativas à produção sustentável, como a agricultura de baixo carbono.
Não foi informado quem chefiará tal departamento.
A Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo, por sua vez, ficará a cargo do engenheiro florestal e ex-consultor da FAO Fernando Schwanke. O objetivo é que esta unidade abrigue programas hoje "dispersos em diversos ministérios" e reforce o cooperativismo e o associativismo rural.
Dentre as outras secretarias do Ministério da Agricultura no governo de Jair Bolsonaro, o produtor rural Jorge Seif comandará a da Aquicultura e Pesca; o economista e diplomata Orlando Ribeiro ficará com a de Comércio e Relações Internacionais.
A Secretaria de Política Agrícola, que tem entre outras atribuições garantir o cumprimento dos preços mínimos, garantindo renda aos produtores, será comandada pelo engenheiro agrônomo Eduardo Marques.
"A Secretaria (de Política Agrícola) terá foco nas questões relativas ao crédito, buscando taxas equalizadas para pequenos e médios produtores e novos mecanismos de financiamento. Vai trabalhar para ampliar e modernizar o seguro rural, utilizando recursos orçamentários hoje destinados a suporte de preços", disse a nota, acrescentando que os programas de apoio à agricultura familiar serão mantidos.
O também engenheiro agrônomo José Tollstadius Leal chefiará a de Defesa Sanitária.