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Bolsonaro, Cid, Braga Netto e mais 5: saiba quem serão os interrogados pelo STF na ação sobre golpe

Corte inicia nesta segunda-feira fase de depoimento de réus no caso da trama golpista

Agência o Globo
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Publicado em 9 de junho de 2025 às 09h25.

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta segunda-feira, 9, a etapa de interrogatórios dos réus da ação que trata de uma trama golpista. Os depoimentos são conduzidos pelo relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes.

O primeiro a falar será o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens que fechou acordo de delação premiada. Os interrogatórios ocorrem na sala da Primeira Turma do STF, e todos os réus participam presencialmente, com exceção do ex-ministro Walter Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio de Janeiro, e falará por videoconferência.

Mauro Cid

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Cid firmou um acordo de delação premiada em que detalhou reuniões e discussões sobre uma minuta golpista para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, assumisse o poder em janeiro de 2023. O tenente-coronel trocou mensagens com outros militares investigados para obter material para colocar em dúvida o processo eleitoral. Ele tinha, em seu celular, documento com informações fraudulentas que questionava as urnas eletrônicas. Também tinha, no mesmo aparelho, documento que seria um discurso de Bolsonaro após o golpe.

Alexandre Ramagem

Deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). É acusado de assessorar Bolsonaro em estratégias de ataque às instituições democráticas e ao sistema eleitoral. Segundo a PF, ele planejou, junto a Augusto Heleno, formas de coagir autoridades policiais que cumprissem ordens judiciais contra os golpistas. Como chefe da Abin, teria usado sua posição para produzir relatórios ilícitos que beneficiariam a organização criminosa na tentativa de desestabilizar o sistema eleitoral.

Almir Garnier Santos

Ex-comandante da Marinha. É acusado de apoiar o golpe e colocar tropas à disposição da intentona golpista. Segundo a PF, ele foi o único comandante das Forças Armadas a não se opor ao plano apresentado em uma reunião no Ministério da Defesa em 14 de dezembro de 2022.

Anderson Torres

Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Foi denunciado por suposta participação nos núcleos de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral, que disseminavam informações falsas contra a urna eletrônica, e no núcleo jurídico, responsável pela minuta do decreto golpista. A PF apreendeu a minuta em sua residência em 10 de janeiro de 2023. Torres nega envolvimento na confecção do documento, mas o general Freire Gomes e o brigadeiro Baptista Junior confirmaram à PF que ele participou da elaboração.

Augusto Heleno

Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). É acusado de atuar de forma destacada na trama golpista. Segundo as investigações, ele teria articulado com Alexandre Ramagem, então diretor da Abin, para coagir a Polícia Federal a não cumprir ordens judiciais, ameaçando com prisão em flagrante as autoridades policiais. O objetivo era proteger integrantes da tentativa de golpe.

Jair Bolsonaro

Ex-presidente da República. A PGR acolheu os argumentos da Polícia Federal, que indiciou Bolsonaro por três crimes em novembro de 2024. No relatório, a PF afirma que o ex-presidente “planejou, atuou e teve o domínio direto e efetivo dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um golpe de Estado e a abolição do Estado Democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade”. Bolsonaro nega envolvimento na trama.

Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira

Ex-ministro da Defesa. É acusado de pressionar os comandantes das Forças Armadas a apoiar o golpe de Estado e oferecer suporte armado à ruptura. Teria insistido para que os chefes do Exército e da Aeronáutica apoiassem a minuta do golpe, mesmo após a recusa inicial.

Walter Braga Netto

Ex-ministro da Casa Civil. É acusado de envolvimento no plano "Punhal Verde e Amarelo", que previa o sequestro e assassinato de Alexandre de Moraes, Lula e Alckmin. Segundo a PF, em 12 de novembro de 2022, um grupo de militares ligados a Braga Netto se reuniu em sua residência para apresentar o planejamento das ações clandestinas. A PF também aponta que Braga Netto e um grupo de militares planejavam criar um gabinete vinculado à Presidência da República para atuar após o golpe, liderado por ele e pelo general Augusto Heleno. Ele é acusado de pressionar Freire Gomes e Baptista Junior a aderirem ao plano golpista e de coordenar ataques digitais contra esses militares e suas famílias. Braga Netto está preso desde dezembro de 2024 sob suspeita de obstrução de Justiça.

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