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Bolsonaro chega aos EUA em meio a protestos em Washington

Os manifestantes já haviam se desmobilizado no momento da chegada do presidente brasileiro e o acesso à rua foi fechado pelo serviço secreto americano

Casa Branca: manifestação com cerca de 60 pessoas (Lisandra Paraguassu/Reuters)

Casa Branca: manifestação com cerca de 60 pessoas (Lisandra Paraguassu/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de março de 2019 às 18h11.

Última atualização em 8 de junho de 2020 às 15h36.

Washington - O presidente Jair Bolsonaro chegou às 16h18 (17h18 em Brasília) aos Estados Unidos, onde se encontrará na terça-feira, 19, com o presidente americano, Donald Trump. Um grupo de 60 manifestantes realizou um protesto em frente à Casa Branca na tarde deste domingo, 17, contra a visita de Bolsonaro. Eles já haviam se desmobilizado no momento da chegada do presidente brasileiro e o acesso à rua foi fechado pelo serviço secreto americano.

No Twitter, quando pousou em Washington, ele disse que a união entre Brasil e EUA "assusta defensores do atraso e da tirania". "Pela primeira vez em muito tempo, um presidente brasileiro que não é anti-americano chega a Washington. É o começo de uma parceria pela liberdade e prosperidade, como os brasileiros sempre desejaram", escreveu Bolsonaro.

Muitos dos participantes do evento expressaram temores de que o relacionamento dos dois chefes de Estado possa elevar as tensões na Venezuela, com efeitos negativos para a estabilidade política na América do Sul, e se declaravam como anti-fascistas. O evento foi organizado pelo grupo "DC Unido contra o ódio", em tradução livre do título "DC United against hate."

"Bolsonaro e Trump legitimizam a extrema direita em nível global, pois assumem uma retórica perigosa contra diversos setores da sociedade", comentou Michael Shallal, um dos organizadores do protesto, funcionário de um museu em Washington. Segundo ele, um dos seus principais temores é que "os EUA poderão espalhar o imperialismo pela América do Sul, sobretudo com um golpe à Venezuela, com intervencionismo militar."

Para Barbara Silva, tradutora e professora de português e espanhol na capital americana, Bolsonaro defende "um discurso de ódio", embasado em muitos preconceitos contra mulheres, negros e apoiadores do movimento LGBT. Ela também aponta que a defesa do presidente brasileiro de Juan Guaidó como presidente legitimo da Venezuela também pode aumentar a tensão entre os governos de Brasília e de Caracas. "Temo que os EUA possam utilizar a aproximação com a nova administração Bolsonaro para vender mais armas, o que certamente não é algo favorável à paz."

Barbara segurava dois cartazes, um no qual dizia "todos contra o fascimo" e outro com as fotos de Trump e de Bolsonaro com a frase "Ele não" em português e inglês. Ela apontou também que do encontro entre dois líderes podem surgir notícias positivas. "Há uma agenda que deve tratar de economia, como a exportação de carne do Brasil para os EUA, o que é favorável. Da reunião, não haverá somente pontos negativos", frisou.

Na avaliação do analista de políticas de uma organização não governamental, cujo primeiro nome é Jessi, Bolsonaro tem muitas similaridades com Trump por ter uma postura de intolerância contra "as pessoas que não pensam como ele", o que gera um ambiente de animosidade e divisão social. "Seria importante que o presidente do Brasil não adotasse um comportamento tão próximo ao de Donald Trump, mas não tenho expectativa de que Jair Bolsonaro vai mudar no curto prazo, o que é ruim."

"O Bolsonaro representa um tipo de fascismo religioso e discrimina pessoas negras, encoraja a violência policial. Desde que ele foi eleito ouvimos mais e mais notícias de homossexuais e negros mortos pela polícia. Estou aqui não por condenar Bolsonaro, mas o fascismo", afirmou Rhys Baker, inglês de 31 anos, que trabalha em comunicação digital em uma rede de TV. Ele disse ter ficado sabendo da situação do Brasil através do jornalista americano Glen Greenwald.

Já Ben, americano ativista que não quis dizer o sobrenome, fez uma pós-graduação em estudos latino-americanos e disse ter muitos amigos brasileiros em Washington. "Bolsonaro representa tudo o que sou contra: sexismo, racismo, homofobia, transfobia. É terrível em todas as esferas", disse.

A convocação para o ato foi feita através de redes sociais pelo movimento intitulado DC United Against Hate. A chamada para a movimentação trazia os dizeres: "sem Bolsonaro em DC! Solidariedade com o anti-fascismo internacional".

Bolsonaro chegou nesta tarde a Washington, onde ficará até a noite de terça-feira. Ele irá se hospedar na Blair House, residência de hóspedes do governo americano, em frente à Casa Branca. O primeiro compromisso do brasileiro será um jantar com representantes do movimento conservador americano. A segunda-feira será destinada a encontros com empresários e investidores e, na terça-feira, Bolsonaro terá um encontro bilateral com o presidente americano Donald Trump.

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