Bolsonaro cumprimenta populares na entrada do Palácio da Alvorada 14/01/2020 (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2020 às 17h41.
Última atualização em 14 de janeiro de 2020 às 19h39.
São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro classificou como “ficção” o filme brasileiro “Democracia em Vertigem”, que disputa o Oscar de 2020 na categoria melhor documentário longa-metragem. Q
Questionado por jornalistas na saída do Palácio do Planalto nesta terça-feira (14), Bolsonaro reconheceu que não assistiu à produção e afirmou que não perderia tempo com uma “porcaria”.
O presidente sugeriu que o documentário é considerado de qualidade por pessoas que gostam de lixo. “Ah, não, pera. Ficção. Para quem gosta do que o urubu come, é um bom filme", afirmou.
O longa retrata o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e também o impacto dos protestos de junho de 2013, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a vitória de Bolsonaro na disputa eleitoral de 2018.
O atual presidente chegou a conceder entrevista à diretora Petra Costa quando ainda era deputado federal e o material foi usado no documentário.
A reação nas redes sociais à indicação tem reproduzido, de forma geral, a polarização política no país, com figuras ligadas à esquerda comemorando o reconhecimento do filme, que por sua vez é amplamente criticado por figuras da direita. O PSDB, por exemplo, chamou o longa-metragem de “melhor filme de ficção e fantasia”.
Já o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, afirmou, também em tom de ironia, ter “orgulho” de ver um filme brasileiro sendo indicado ao Oscar em três categorias:
“Terror, comédia e ficção”. “A estrela da farsa [Dilma Rousseff] levou o Brasil, em cinco anos, ao fundo do poço. Deu uma aula de gestão desastrosa, incompetência e insolvência financeira”, escreveu no Twiter.
A diretora Petra Costa comemorou a indicação do filme. “Numa época em que a extrema direita está se espalhando como uma epidemia esperamos que esse filme possa ajudar a entender como é crucial proteger nossas democracias”, celebrou.
Em um comunicado oficial em seu site, Dilma avaliou a produção como corajosa. “O filme mostra o meu afastamento do poder e como a mídia venal, a elite política e econômica brasileira atentaram contra a democracia no país, resultando na ascensão de um candidato da extrema-direita em 2018. A verdade não está enterrada. A história segue implacável contra os golpistas”, afirmou.
O filme, lançado pela Netflix em junho de 2019, vai disputar o prêmio com “American Factory”, “The cave”, “For Sama” e “Honeyland”.
A última vez que um filme brasileiro esteve presente no Oscar foi em 2016, com a animação "O Menino e o Mundo". A lista dos indicados à 92ª edição do prêmio foi divulgada nessa segunda-feira (13) e a premiação ocorrerá no dia 9 de fevereiro.