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Bolsonaro busca aproximação com países árabes após polêmica sobre Israel

Bolsonaro visitará Emirados Árabes Unidos, o Catar e a Arábia Saudita em busca de comércio e investimento

Bolsonaro: presidente havia afirmado que pretendia mudar a embaixada do Brasil para Jerusalém, causando desconforto com os árabes (Alan Santos/PR/Flickr)

Bolsonaro: presidente havia afirmado que pretendia mudar a embaixada do Brasil para Jerusalém, causando desconforto com os árabes (Alan Santos/PR/Flickr)

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Reuters

Publicado em 25 de outubro de 2019 às 11h14.

Brasília — O presidente Jair Bolsonaro chega a Abu Dhabi no sábado para uma viagem por três países do Golfo Pérsico na esperança de superar a desavença diplomática travada com nações árabes no ano passado devido a uma proposta de transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.

O plano, que teria descartado o apoio tradicional do Brasil a uma solução de dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos, irritou países árabes e ameaçou um comércio anual de 5 bilhões de dólares em exportações de carne halal brasileira, ou seja, que pode ser consumida por muçulmanos.

Durante uma visita a Israel em abril, Bolsonaro desistiu da ideia e anunciou a abertura de um escritório comercial em Jerusalém.

Os convites para visitar os Emirados Árabes Unidos, o Catar e a Arábia Saudita são prova de que a questão foi superada, disse Kenneth Nóbrega, secretário de negociações bilaterais com o Oriente Médio, a Europa e a África do Ministério das Relações Exteriores.

Nóbrega disse que Bolsonaro buscará mais comércio e investimento com seus anfitriões produtores de petróleo para ajudar a revigorar a economia do Brasil. O presidente se encontrará com chefes de Estado e falará em conferências de negócios em Doha, na segunda-feira, e em Riad, na quarta-feira.

Na eleição do ano passado, Bolsonaro prometeu a seus apoiadores evangélicos que transferiria a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém para aproximar mais o Brasil de Israel.

Mas o presidente recuou diante da pressão interna de generais e da equipe econômica do governo, que sublinharam a necessidade de laços econômicos mais fortes com as nações árabes, de acordo com Oliver Stuenkel, professor adjunto de Relações Internacionais na Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo.

"Bolsonaro foi instruído sobre o que deve falar e o que não deve falar para consertar o estrago que fez à reputação do Brasil no mundo árabe", disse Stuenkel.

Os laços brasileiros com as nações árabes melhoram a cada dia, disse o embaixador da Autoridade Palestina, Ibrahim Al Zeben, que construiu uma embaixada em Brasília a pouca distância do palácio presidencial -- o que exasperou diplomatas israelenses.

No ano passado, Bolsonaro disse que a Palestina não é um país e que não deveria ter uma embaixada em Brasília, embora em 2010 o Brasil tenha reconhecido o Estado da Palestina e suas fronteiras de 1967.

Al Zeben afirmou que autoridades do Itamaraty lhe dizem que o Brasil ainda apoia uma solução de dois Estados para a questão palestina.

"Tanto Brasil quanto o mundo árabe nos esforçamos para desenvolver e diversificar mais os laços sob a base de mútuos interesses. A visita do senhor presidente (Bolsonaro) a países árabes cabe perfeitamente no âmbito desta lógica", afirmou à Reuters.

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