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Bolsonaro assumirá papel de líder populista do Brasil, diz Bannon a jornal

Em entrevista à Folha de S.Paulo, um dos principais articuladores da campanha de Trump fala sobre o papel do Twitter e do Facebook na eleição

Bannon: para ele, o populismo de centro-direita, conservador e nacionalista, é uma das tendências mais importantes do século 21 (Aaron P. Bernstein/File Photo/Reuters)

Bannon: para ele, o populismo de centro-direita, conservador e nacionalista, é uma das tendências mais importantes do século 21 (Aaron P. Bernstein/File Photo/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2018 às 15h35.

Última atualização em 29 de outubro de 2018 às 16h06.

São Paulo – Um dos principais articuladores da campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Steve Bannon acredita que o governo de Jair Bolsonaro será marcado por um líder populista que poderá levar o Brasil pelo caminho do que ele chama de “capitalismo esclarecido”.

Bannon, líder do The Movement (O Movimento), grupo que promove nacionalismo econômico e populismo de direita no mundo, falou ao jornal Folha de S.Paulo o que pensa sobre o presidente eleito neste domingo (28).

Para o articulador, Jair Bolsonaro promoverá uma aproximação comercial com os Estados Unidos e será a liderança populista na América do Sul.

“Os EUA serão um parceiro ainda mais próximo do Brasil durante o governo Bolsonaro. Num pedaço do mundo onde há socialismo radical e caos na Venezuela e crise econômica, com o FMI mandando na Argentina, Bolsonaro representa o caminho do capitalismo esclarecido e será uma liderança populista nacionalista”, disse Bannon. Ele afirmou, ainda, que virá ao Brasil frequentemente a partir de janeiro.

Segundo ele, essa aproximação com o governo americano se deve por conta do perfil dos dois presidentes. Bolsonaro e Trump são mais semelhantes no modo de pensar e de agir, do que outros líderes populistas mundo a fora.

“Há muitas semelhanças entre Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria, Trump, Matteo Salvini [vice-primeiro ministro da Itália, do partido anti-imigração A Liga], na Itália, Nigel Farage [líder pró-Brexit], no Reino Unido, e Bolsonaro”, afirmou.

Para ele, o populismo de centro-direita, conservador e nacionalista, é uma das tendências mais importantes do século 21.

“Vejo três principais pontos em comum entre esses líderes: em situações muito confusas, conseguem identificar quais são os principais problemas e articular as soluções. Por serem autênticos, eles conseguem se conectar com o público de massa, particularmente com a classe trabalhadora e classe média, de modo muito visceral. E, em terceiro lugar, eles têm carisma.”

Outro ponto semelhante entre Bolsonaro e Trump foi o uso das redes sociais para conquistar o eleitorado, em detrimento da mídia tradicional. Bannon disse que os dois líderes entendem o poder da comunicação em massa e usam de declarações provocativas para serem ouvidos.

Para ele, as mídias sociais foram instrumentais para a eleição dos dois. “Se não fosse pelo Facebook, Twitter e outras mídias sociais, teria sido cem vezes mais difícil para o populismo ascender, porque não conseguiríamos ultrapassar a barreira do aparato da mídia tradicional. Trump conseguiu fazer isso, Salvini e Bolsonaro também”, diz Bannon. 

“Bolsonaro usa declarações provocativas para conseguir ser ouvido em meio ao barulho, do mesmo jeito que Trump. Em junho de 2016, Trump estava em sétimo lugar nas pesquisas de opinião. Depois do discurso provocativo que fez, as pessoas o ouviram e ele disparou. O mesmo acontece com Bolsonaro. Ambos são especialistas em se conectar com as massas.”

Ele acrescentou que a mídia tradicional é questionada pela população e por esses líderes, e essa profusão de notícias nas mídias sociais foi o que deu voz aos populistas no mundo.

“Orban, Salvini, Trump e Bolsonaro enfrentam a mídia. A mídia tradicional começou a ser questionada, antes ela tinha o monopólio das notícias e agora está sendo desafiada por várias fontes de informações. Eu acredito que é melhor ter mais fontes de notícias do que menos”, disse.

Bannon ressaltou que “catapultou” Bolsonaro nas eleições no Brasil, não foi a facada que ele recebeu durante ato de campanha no início de setembro, e sim a exposição de suas ideias nas redes sociais.

“Até pessoas que foram alvo de seus comentários provocativos, como gays, começaram a pensar: nessa crise, talvez seja importante dar uma chance a esse cara e sua plataforma de lei e ordem. Em relação às fake news, isso será resolvido. As pessoas vão conseguir saber, o público no Brasil é muito sofisticado, são consumidores sofisticados de mídias sociais.”

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