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Bolsonaro assiste desfile militar em dia de PEC do voto impresso

Acompanhado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, dos comandantes militares e de alguns ministros civis, Bolsonaro assistiu o desfile do alto da rampa do Palácio do Planalto

Bolsonaro: oposição fala em tentativa de constrangimento do Congresso Nacional (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro: oposição fala em tentativa de constrangimento do Congresso Nacional (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 10 de agosto de 2021 às 10h34.

No dia em que a Câmara dos Deputados deve votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, o presidente Jair Bolsonaro assistiu pela manhã um desfile de blindados das Forças Armadas na Esplanada dos Ministérios, em um movimento visto por parlamentares como tentativa de demonstrar força e apoio dos militares.

Acompanhado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, dos comandantes militares e de alguns ministros civis, Bolsonaro assistiu o desfile do alto da rampa do Palácio do Planalto. Ali, recebeu um militar que entregou um convite para a Operação Formosa, um exercício de manobras que acontece todos os anos na cidade goiana de mesmo nome, a cerca de 80 quilômetros de Brasília.

Em anos anteriores, os presidentes sempre foram convidados para assistir ao exercício, mas nunca foi feito um desfile de blindados na Esplanada dos Ministérios. Ações do tipo são reservadas para as comemorações do 7 de Setembro.

Em nota, a Marinha --que organiza o exercício-- afirmou que o desfile já estava planejado e seria apenas para entregar o convite a Bolsonaro e Braga Netto.

A PEC do voto impresso se tornou uma das principais bandeiras de Bolsonaro, que acusa, sem apresentar provas, o sistema eleitoral atual de ser passível de fraudes e já chegou inclusive a colocar em dúvida a realização da eleição do ano que vem sem a aprovação da proposta.

Com a decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de colocar a PEC em votação no plenário da Casa, mesmo depois de derrotada em uma comissão, a realização do desfile no mesmo dia da votação --que foi acertada por Lira com Bolsonaro no final de semana-- está sendo vista por parte do Congresso como uma tentativa de intimidação.

Em nota, nove partidos de oposição --PSB, PCdoB, PDT, PT, Rede, PSOL, PSTU, Solidariedade e Unidade Popular-- afirmaram que, "em meio às sucessivas declarações golpistas de Bolsonaro, e da votação do projeto do voto impresso nesta mesma terça-feira, com previsão de derrota, o desfile é uma clara tentativa de constrangimento ao Congresso Nacional".

Em suas redes sociais, diversos parlamentares também reagiram ao desfile.

"Sobre essa história de tanques nas ruas. Não quero crer que isso seja uma tentativa de intimidação da Câmara dos Deputados mas, se for, aprenderão a lição de que um Parlamento independente e ciente das suas responsabilidades constitucionais é mais forte que tanques nas ruas", escreveu o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara.

Líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE) disse em entrevista à CNN Brasil que "prefere acreditar" que o momento do desfile foi "apenas uma coincidência", e disse que o presidente já deu demonstrações de seu apreço pela democracia.

O desfile de 10 minutos --cerca de 150 veículos, de acordo com a Marinha, e helicópteros que sobrevoaram a esplanada-- atraiu um grupo de apoiadores do presidente que, na Praça dos Três Poderes, gritavam por Bolsonaro e pediam intervenção militar.

Os veículos passaram pela praça e parte deles parou no prédio da Marinha, onde ficarão expostos. Os exercícios militares começam apenas no dia 16, e os veículos terão ainda que fazer o caminho de volta a Formosa -- a cidade goiana fica antes de Brasília, no trajeto de vinda do Rio de Janeiro, onde estavam os blindados.

A votação da PEC do voto impresso ainda não está ainda garantida para esta terça. A confirmação deve ser feita esta tarde, em reunião de líderes.

A tendência, já admitida pelo próprio presidente, é que seja derrotada. Em entrevistas, Lira tem dito que Bolsonaro se comprometeu a aceitou o resultado, no caso de derrota em plenário.

No entanto, poucos acreditam que o presidente vai deixar de lado suas acusações de fraude nas urnas eletrônicas, em um momento em que pesquisas apontam sua queda de popularidade e uma provável derrota nas eleições de 2022.

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